Quando o Salotto deixa de ser digital…

Uma vez perguntei a um analista-amigo-conselheiro se esse tal de mundo digital era perigoso.  Ele me respondeu: “Ao meu ver, não se ele consegue sair de trás da tela.”  Kareen nos conta quando isto aconteceu…

Do online para o On Life por Kareen Terenzzo

Mais um pôr-do-sol lindo em Florença e lá está Consuelo. Quase 10 horas conectada entre seu Mac e iPhone, pesquisando, respondendo a perguntas, escrevendo… Entre um send e outro, ela faz uma pausa para olhar as belas glicínias do seu jardim.

O bairro é Vila Olímpia, a cidade é São Paulo, mas onde cabe o Brasil e um pouco do mundo. Entre sapatos e gigabytes está Kareen. Ela adora a rede e está conectada em três plataformas diferentes – do seu trabalho, da sua vida pessoal (e social), e do seu trabalho voluntário.

Em Pouso Alegre, interior de Minas Gerais, o cheiro de comida boa, caseira, invade a casa. Enquanto espera o almoço ficar pronto, Ana, que está sempre cuidando de todos, vai se desligando aos poucos do seu trabalho de advogada para investir em um novo projeto de vida com sua família.

Entre Rio de Janeiro e Taubaté, Jaqueline corre pra lá e pra cá. O tempo voa. Mas ela está sempre inventando novas receitas, dicas, cuidando dos seus pacientes, e compartilhando informação com aqueles que procuram uma alimentação e uma vida mais saudável.

Luciene atravessa a Avenida Higienópolis, em SãoPaulo, olha para o céu e lembra que a próxima mudança de lua estará “encantando”, e quem sabe, propiciando a sorte de alguns favorecidos pelos deuses. Lembra o trecho de um texto grego… E sobe inspirada para escrever um novo post.

Alexandras, Mias, Ritinhas, Jairenes, Adriannes, Andreias, Vanessas, Vivianes, Marias, Renatas, Cecílias, Beatrizes, Alessandras, Lucianas, Lucianes, Anas… tantas mulheres… em algum lugar do mundo todas estão conectadas por uma das maiores (senão a maior) invenções do século 20: a internet. E entre os tantos ícones do mundo globalizado conectados por ela, certamente aquele minúsculo símbolo em formato de leque, é o grande responsável por propiciar o maior número de conexões possíveis.

E na esteira de tantas “N” possibilidades dessa rede de conexões, elas conversam entre si através da engenharia (ou será matemática?) que há por trás de um blog, um Salotto, idealizado, criado por alguém capaz de promover um algo mais e atravessar essa misteriosa teia de dados. Se conhecem, se encontram, se reconhecem, se reencontram, e estabelecem laços. Conversas, trocas, confidências, amenidades.

Um dia se encontraram. Uma, duas, talvez três vezes… E assim rompem a rede que sustenta essa teia abstrata de conexões para fazer valer suas conexões também na vida real. E ativam, meio sem perceber, a rede da vida.

Um dia alguém sugere: vamos para praia? Imaginem a cena que mostra para um par de olhos sorrindo ao ler a tela do seu celular quando lê aquele convite. Corta a cena, e depois outro par de olhos, depois mais um, e outro, e outro… Muitas tecladas depois, entre um send e outro, marcam a data para um fim de semana na praia.

Elas têm mais ou menos a mesma faixa de idade… a dos 45+. Mas são mulheres diferentes, e pouco se viram na vida. Mas resolvem passar um fim de semana prolongado juntas. Elas não sabem qual é a cor ou a comida preferida uma da outra, não estudaram juntas, nem conhecem as histórias da adolescência, ou mesmo de poucos anos atrás. Nem da semana passada. Não sabem quase nada (ou nada) uma da outra. E dá tudo muito certo.

Entre taças de vinho e os quitutes deliciosos (que não paravam de sair da cozinha), conversavam como colegiais e contavam um pouco de si. Eram tantas perguntas! Algumas horas depois já tinham aberto o coração. Tiveram ideias de novos negócios. Fizeram planos. Pediram conselhos. Como se sentiam tão confortáveis se se conheciam tão pouco?!

A praia, ah sim, a praia! Ela estava ali, em frente a elas; mas as melhores conversas foram trocadas na mesa de jantar ou entre aconchegantes sofás e almofadas. Com exceção de uma. Pode-se dizer A conversa e que aconteceu entre taças de vinho na praia… E na madrugada. Além delas, do céu e do mar, uma única testemunha das suas confidências: um cachorro, que apareceu ali, simpatizou com elas, e ficou lá… tomando conta das quatro moças sentadas em cadeiras de praia, às duas da manhã, cobertas com carinhosas pashminas oferecidas pela anfitriã.

O tempo passou depressa e quando se deram conta o fim de semana tinha acabado. Voltariam a se encontrar, mas agora através de seus computadores, celulares, tablets… Sabiam que a vida às vezes bagunça tudo mas mantiveram a promessa de tornar a se ver e repetir a experiência. Por hora, bastava compartilhar e lembrar para sempre de um divertido fim de semana na praia, que aconteceu graças as conexões tecnológicas que tornam possíveis conexões e grandes encontros na vida.