Ontem foi o primeiro dia da 41ª edição do SPFW. Entre ontem e hoje vi 3 lindos desfiles. E o que mais os diferencia é o fato de cada um dos seus estilistas terem algo de forte que gostariam de passar.
Primeiro foi o Apartamento03. Conheço o estilista Luiz Claudio Silva desde que realmente morava no apartamento de número 03 em Belo Horizonte há mais de 15 anos. Desde o início me surpreendi com o seu talento para alfaiataria e volumes. Ele consegue fazer algo voluminoso ficar leve! Torcer, cortar e enrugar tecidos de forma surpreendente. E criar uma moda só sua. Agora sua marca faz parte do grupo Nohda de Patrícia Bonaldi e seu marido Luis Morais, o que lhe dá uma força para explorar e investir em tecidos e acessórios.
Sua inspiração essa nesse Verão 2017 foi o mago Houdini do início do século passado. Isso gerou peças “ilusionistas”! Nem sempre um punho era da camisa, macacões pareciam ser duas peças ou mais pareciam pijamas. E o que dizer dos lindos e intrigantes acessórios por a Figurinista em ouro rosa? Eram algemas, chaves e cadeados…
Depois foi a vez do querido Ronaldo Fraga. Seus são os desfiles mais poéticos da moda brasileira. Desta vez ele abordou o tema dos refugiados no mundo todo… No vídeo ao fundo da passarela um barquinho de papel pouco a pouco era enchido com sementes até afundar… Mas a sua busca não era só pelo bem dos refugiados, mas também pelo refúgio pessoal de cada um e como se libertar dele… Pouco a pouco o desfile ficava mais alegre e colorido e quando reparávamos, estávamos sorrindo… Ronaldo vê as roupas “como casa, abrigo, memória e país… é a única herança de sua terra e elemento da identidade cultural que o manterá de pé…é uma arma de ‘re-existência.'” As peças, com bordados sobre transparências, listras em seda ou um linho cru enrugado estão lindas, entre as que mais gostei de Ronaldo nos últimos anos, e com uma elegância displicente super contemporânea! Lindo desfile!
E por fim, esta manhã Paula Raia mostrou mais uma vez o que sabe fazer de melhor. Pegar a simplicidade e transformar em algo de super sofisticado. Com as notas do desfiles a estilista se expressa tão bem…:
A coleção foi construída com materiais que simulam a ação do tempo. Sedas feltradas à mão lembram uma paisagem sépia vista através de janelas empoeiradas, bordados em ponto francês remetem ao acúmulo de líquen que cresce sobre árvores e paredes, tules de algodão frágeis como gazes e teias, peças que trazem trepadeiras aplicadas como se estas tivessem se apoderado da arquitetura precisa das roupas, cores desbotadas e envelhecidas, trilhas compostas por cordas de algodão com suas pontas desatadas e estampas craqueladas como pinturas que sofreram a ação tempo. Detalhes de camisaria servem como contraponto de resistência à força do tempo e camadas de tecido reproduzem os sedimentos de uma topografia dos sonhos.
E esse tudo, que passava na nossa frente, parecia uma poesia!
————————
Antes de ir aos desfiles participei de um bate papo no showroom da Swarovski, Lá 4 companhias de bijoux, Caleidoscópio, Korpusnu, Monica di Creddo e T.Arrigoni, companheiras há anos, se uniram para mostrarem suas coleções além de peças conceito em um desafio da marca austríaca. O tema era os 4 elementos… cada um interpretou o seu…
E o Snap do dia!
Até amanhã com mais!