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Por que não é ruim ser velha no Brasil…

No Brasil é ERRADO ser velha!   Sutil diferença de grande significado…  Entendi isto anos atrás.

Talvez alguns de vocês lembram quando fiz uma campanha de lingerie…

Fotos Roberto Leone

Ao contrário do esperado, invés de choque, a reação a uma mulher de 50 anos posando assim na internet foi de empoderamento!  Nem sabia, mas parece que no Brasil, muitas mulheres acreditavam que depois de uma certa idade fosse “errado” ser sexy.  (Aí vai essa palavra de novo!)  Com esta campanha, se sentiram livres!  E essa segurança, inclusive, se traduziu comercialmente em vendas para a marca!

Mas também vieram as críticas.  A revista Bazaar na época me contatou para responder a elas em primeira pessoa.  Quais foram?  “Ela não precisa disso.  Ela tá bancando a mocinha…” e por aí afora.  Respondi:

Clicando na imagem ela aumenta para poder ler melhor.

Se as fotos eram bonitas e não vulgares, por que as acusações?  Foi escrevendo que entendi.  “O problema está menos na sensualidade ou remuneração pelo trabalho e mais na idade.  Ser “velha” no Brasil, então, é “errado”.”   Portanto não pode-se ser sexy, especialmente com rugas, rosto e peito caído e nem cabelo branco (falamos de cabelos brancos neste post AQUI)?   Talvez até seja a razão que temos cirurgiões plásticos tão capazes no país!  Mas isto é um peso enorme para a mulher!!

Vivo na Europa há 27 anos e aqui a velhice é levada com mais leveza.  Acho que isto me ensinou muito.  Gosto do mix com o qual vivo: abraçar a idade sem ser desleixada.

Ultimamente, há umas 3 semanas, desde que fui ao Brasil, essa pergunta sobre como afrontar a idade tem aparecido repetidamente.  Quando isto acontece, é porque tem algo no ar (o famoso zeitgeist, espírito da época).  Por que?  E por que agora?  Não sei dizer… Talvez seja por uma busca para sair desta “prisão” do “errado”.   E apesar de ser lógico que ninguém goste de ver o rosto enrugar, o peito cair, as articulações doerem e os dentes estragarem, qual seria o peso de ter que viver o resto da vida dentro de uma cabeça de 20 anos como preço de um corpo jovem?!!  Para mim seria enorme!  Portanto, ao invés de dizer “melhor velha que morta”  por que não “melhor velha que jovem”?  Dou algumas razões neste post  (AQUI).

O outro dia, minha mãe me mostrou o emocionante vídeo onde a fantástica Fernanda Montenegro interpreta as palavras da grande “escritora francêsa, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, feminista e teórica social”, Simone de Beauvoir:

Se não abrir, por favor clique AQUI.

As minhas frases favoritas:

“A impressão que eu tenho é de não ter envelhecido embora eu esteja instalada na velhice.”  

“Provisoriamente o tempo parou pra mim.” (Quem nunca?!!  Qual idade você se SENTE?  Eu 35!)

“Eu não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.”

“Ao meu passado eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minhas necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.”

“Não sou escrava do meu passado. ” (Podemos aprender a cada dia!)

“Eu sempre quis comunicar da maneira mais direta o sabor da minha vida.”

“Desejo viver sem tempos mortos.”

Estas frases ressoam dentro de mim e me dão enorme força e coragem para viver plenamente!  Para mim cada música, cada prato, cada cálice, cada abraço, cada olhar, cada dia que abro a janela de casa, cada celebração de idade como a festa do Gigi, é uma oportunidade para viver “sem tempos mortos” o “sabor da minha vida!”

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