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De quem NÃO é a culpa?… Falando de Orlando e LGBT

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Pedi a permissão ao Cassiano que escreve a coluna “Ser Gay”neste seu espaço hoje, para expor algumas das minhas idéias sobre o massacre de Orlando .  Abaixo vocês encontrarão também o seu ponto de vista e a coluna muito bacana que recebi poucas horas após o acontecido.  Cassi responde várias dúvidas sobre ser LGBT.  Vejam quantos dos seus pontos tem a ver com as minhas conclusões abaixo.  Achei que um texto completaria o outro de alguma forma, pois acredito que através do conhecimento tudo faz mais sentido.

Gostaria muito de saber se vocês  concordam e os seus pontos de vista nos comentários.

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Quando li pela primeira vez a notícia, fiquei triste.  Mas honestamente não dei a atenção devida.  Aos poucos comecei a entender o quanto este massacre fosse simbólico da divisão que está dilacerando o mundo (inclusive o nosso país).  Comecei a devorar todos os artigos com diferentes pontos de vista nos jornais.  E tirei as minhas conclusões…

Ao meu ver a “culpa” de tal aberração não é do NRA (National Rifle Association dos EUA que com seu lobby não permite a mudança das leis americanas quanto ao porte de armas), ou do Islamismo, ou de um grupo de pessoas que escolhe mostrar a sua  orientação sexual abertamente (como deve ser).  A causa por trás de todo este ódio está no “nós contra eles”.  Quem quer que sejam.  No se sentir não integrado, mais pobre, mais fraco, não representado, não entendido.   É o momento quando um grupo se sente aflito pelo outro ao ponto de reagir.  Mas o que em um mundo ideal seria uma disputa inteligente e pacífica de idéias, hoje se tornou uma reação pública e violenta que em segundos está por todos os lados do mundo graças à internet.

Com isso, como na fábula onde o lobo com a pele de carneiro, grupos, governos, fanáticos, machistas e lobistas vestem a pele de carneiro para proclamar os seus interesses como aquele que traz o bem para todos.  Cobrindo assim seus próprios interesses egoístas gerando uma política de divisão e não união (e Trump é só um destes).  Esta última, a união, sendo um elemento imprescindível não somente para uma sociedade sadia, como também para superar o luto não só da dor de perder pessoas inocentes, como também pela perda da liberdade do nosso estilo de vida!

A diferença econômica, a não integração, a elevação ao heroísmo do machismo são só alguns dos elementos perigosos que geram estes atos de horror.  Fraquezas exploradas por interesses como o do NRA, de Trump e da ISIS (Estado Islâmico) que entende como a insegurança é campo fértil para semear suas idéias narcisistas, brutas e divisórias.  Um marketing do mal e do ódio.

O atacante (não quero dignificar-lo mencionando seu nome) por si só, não é um representante oficial da ISIS.  Ele se inspirou na ideologia que o ajudava a aliviar o seu mal-estar, e que com a ajuda das leis folgadas quanto a porte de armas nos EUA permitiu um ato tão gigantesco.   Ele virou um herói para si mesmo, e tantos montaram na garupa.  Este é um marketing pérfido e perigoso, e precisamos estar cientes para nos defendermos dele.

Mas como?  Por enquanto, a única arma que eu conheço para essa defesa é o voto.

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E aqui vai o depoimento de Cassiano sobre Orlando e a seguir a sua coluna.

Triste demais o ataque em Orlando. Fiquei chocado e acompanhei as notícias pela TV e mídias sociais o tempo todo. Como é possível uma única pessoa causar tanta dor? E por que tanto ódio? Li na internet que o assassino era infeliz e vivia uma vida dupla. Insatisfeito com sua realidade porque não “assumia a sua verdade”. Não existe justificativa para tal atrocidade, mas o ser humano é capaz de qualquer coisa, tanto para o bem quanto para mal. Esse infeliz fez a escolha errada. Concordo com a Consuelo quando falou em seu snapchat que esse acontecido foi também um ataque ao nosso estilo de vida; uma certa condenação ao direito de ir e vir, de fazer as próprias escolhas, de ter livre arbítrio. Estamos sendo condenados? Que culpa temos em sermos livres? Não entendo, juro!?! Só sei que o mundo será livre do ódio e preconceito quando acreditarmos no amor e respeitarmos de uma vez por todas a diversidade em que vivemos. O amor é a solução. Menos ódio. Mais amor e respeito.  

Obrigada por me escutar.  Agora vamos à coluna…

As perguntas mais frequentes sobre os LGBTs

No último encontrinho do Salotto em São Paulo, revi amigos queridos, conheci pessoas novas, ri à beça e me diverti muito! Como sempre, tudo massa! Num papo “pit-stop” com a nossa favorite blogger ever, Miss Blocker, recebi dicas bacanas para a coluna “ser gay”. Foi uma injeção de ideias, um brainstorming colorido que me trouxe ao texto desse post. Um pouco mais sério, porém importante.

Sabemos que a homossexualidade existe há milênios e penso que a sociedade nessa época era muito mais tolerante e receptiva. Bem diferente de hoje, onde vivemos em constantes questionamentos e julgamentos. Questionamos e julgamos o tempo todo. As dúvidas e incertezas são válidas para o crescimento sim, mas os julgamentos não ajudam em nada; só atrapalham… E como não há como escapar desse mal, temos que conviver com ele. Ó céus!

Como já falei em um post anterior, surgem então questões sobre os LGBTs, o preconceito, estigmas e/ou estereótipos, percepções equivocadas, os “achismos” sobre a classe, interpretações isoladas/erradas que fazem com que o preconceito aumente, as pessoas desinformadas que não sabem o que estão falando e acabam influenciando outros da forma que não deve ser feito.

Dia desses, jantando com amigos, depois de bons drinks e do prato m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o que eu fiz (daube provençal com puré de batatas e legumes salteados), engatamos uma conversa sobre a vida: desejos, sonhos, experiências e o que aprendemos até então. No calor da “falação” perguntei: “Vocês convivem comigo há séculos e quase nunca me perguntam sobre o meio gay. Por que? O que vocês sabem? Quais são as suas dúvidas e curiosidades?” Todos me olharam surpresos. Um silêncio tomou conta da sala por alguns segundos e foi quebrado por uma avalanche de perguntas que soterrou o meu ouvido! Ui ui ui! Foi um papo gostoso que resultou na lista de perguntas a seguir (inspirada no Consuelo Responde) sobre o meio LGBT que divido com vocês. Fiz também uma tradução livre de uma ótima compilação do site www.advocatesforyouth.org que juntei a essas FAQs.

 

O que significa LGBT? Essa sigla quer dizer Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros, ou seja, os indivíduos da nossa sociedade classificados como homossexuais. Quando nos referimos aos LGBTs, nos referimos a todas essas pessoas.

Quando você sabe que é gay? Pergunta difícil de responder, pois cada caso é um caso. Uma pessoa pode ter esse click em qualquer momento da vida. Outros podem crescer sabendo ou entender a sua identidade e orientação sexual na vida adulta. A pessoa simplesmente descobre e o mais importante é ser a sua verdade. Comigo aconteceu na adolescência.

Ser gay é normal? Hello!?! Claro que sim! Apesar de muitos acharem que não, ser gay é normal sim senhor! Estudos comprovam que a orientação sexual não tem ligação com estabilidade emocional e mental.

Qual é a causa da homofobia? Para mim, é a falta de respeito pela diferença, de conhecimento/informação da causa e de amor ao próximo. Sempre considerei essa tríade a base para qualquer relacionamento. Sem eles o ser humano se torna estúpido/irracional e é capaz de espalhar sentimentos negativos causadores de muita tristeza. (Não queria tocar no assunto, mas um exemplo é a recente tragédia em Orlando, onde um homem matou 50 pessoas e deixou mais de 53 feridos, em uma boate gay. Foi um terror acompanhar pela mídia a dor das vítimas e de amigos/familiares em busca de notícias sobre seus filhos, irmãos… Eu chorei junto com Christine Leinonen, uma mãe desesperada que buscava informações sobre seu filho, Christopher, que mais tarde foi identificado como uma das vítimas fatais desse atentado. Ele estava na boate Pulse junto com o seu namorado. Ela, depois de saber sobre o filho, fez uma declaração emocionada: “Por favor, vamos viver em paz. Estamos nesse planeta por um tempo tão curto. Vamos tentar nos livrar do ódio e da violência…”)

Como é o mercado de trabalho para os LGBTs? Assim como os heterossexuais, os LGBTs tem qualificações para qualquer campo de trabalho, uma vez que a orientação sexual não tem nada a ver com habilidades, talento e desempenho. Entretanto, existe sim um certo estereótipo, principalmente com os homens gays, que eles só podem ser maquiadores, estilistas, dançarinos, cabelereiros e afins. O que é um grande equívoco! Eu, por exemplo, sou relações públicas de formação, atualmente trabalho como analista de comunicação interna em uma fábrica de papel (95% macho man!) E sou também instrutor de inglês. E gay! Já trabalhei em outras empresas, escolas, países, e em minha trajetória profissional nunca fui desqualificado pela minha orientação sexual. Infelizmente, é verdade que o preconceito dificulta o desenvolvimento/crescimento de muitos profissionais gays e isso só vai acabar quando as pessoas mudarem a sua forma de pensar e agir em relação às diferenças.

Como é relacionamento entre dois homens ou duas mulheres? Como qualquer outro entre duas pessoas que se amam. Com amor, desejo, cumplicidade, respeito, ciúmes, tolerância, vontade de voar no pescoço de vez em quando, irritação, carinho e tantos outros sentimentos.

Todo gay é efeminado e toda lésbica é masculinizada? Não! Existem sim gays e lésbicas que tem seus lados feminino e masculino mais aflorados. Porém, não é uma regra. Sem contar que existem muitos homens efeminados e mulheres masculinas que são heterossexuais!

Por que as pessoas devem saber mais sobre os LBGTs? Para combater o preconceito e a homofobia que são o resultado da ignorância sobre assuntos relacionados à orientação sexual e identidade de gênero. E educação/informação sobre as questões LGBTs podem ajudar a combater o medo e a discriminação, possibilitando aos gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros, serem autênticos e viverem livres e felizes em uma sociedade humana e tolerante.

Preferência sexual e orientação sexual é a mesma coisa? Não! São coisas distintas. Orientação sexual não é escolha. Preferência, sim. Orientação sexual = gay. Preferência sexual = segredo! hahahahaha

Essas foram as perguntas que achei válidas em compartilhar com vocês, pois resumem as dúvidas mais comuns. Entretanto, no próprio site que citei acima, como no site da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) – www.abglt.org.br – tem muita informação esclarecedora.

Um beijo enorme e abraço de urso!

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