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A nova alta costura!!

O renascimento de uma maison, Schiparelli

O renascimento de uma maison, Schiparelli…

E a nova atitude na alta costura…

Nestes dias em Paris desfilaram os shows de alta costura.  Existem só 200 clientes no mundo que compram estas roupas.   A alta costura é a antítese de quebrar paradigmas.  Existem várias regras rigidíssimas para poder se classificar como um designer de alta costura.  Mas esta estação mudou tudo…

Antes de mais nada gostaria de definir o que é a diferença entre alta costura e prêt-à-porter (pronto para levar, o que conhecemos bem e encontramos nas lojas).  De acordo com o Wikipedia, a alta costura “é a moda que é construída à mão (sem o uso de máquinas de costura) do início ao fim, feito com tudo da mais alta qualidade, tecidos primorosos, muitas vezes raros e costurado com extrema atenção aos detalhes e terminado pelas costureiras mais experientes e capazes, muitas vezes utilizando, técnicas manuais, árduas e lentas.”   Na alta costura existe só uma peça de cada modelo.

Ao invés, as regras técnicas  para que uma maison possa usar o termo alta costura às suas peças, vem da Chambre Syndicale de la Haute Couture de Paris e são:

-Modelo é feito sob encomenda para clientes privados, com uma ou mais provas.
-A maison tem que ter um atelier, em Paris, que emprega pelo menos quinze membros da equipe em tempo integral.
-A cada temporada, a maison deve apresentar uma coleção de pelo menos cinqüenta desenhos originais para o público, tanto para o dia quanto para à noite, em janeiro e julho de cada ano.

Mas, informalmente, as regras se estendiam às clientes também.  Estas 200 pessoas que sempre compraram alta costura, eram da alta sociedade americana, européia, princesas do médio oriente e oriente e de uma certa idade.

Mas tudo mudou, este ano mais do que nunca.

Há muito tempo que a clientela se estendeu aos dois hemisférios.  Há tempos que a alta costura se estendeu às mulheres mais jovens.  E há pouco a alta sociedade não define mais a “ocupação” de seus clientes.  A elas se uniram cantoras, atrizes e it-girls do red carpet.

Quando isto acontece, a moda resiste e impõe as suas regras nos clientes.  Mas como vi o outro dia Kanye West dizer à Ellen DeGeneres no seu show, “depois que aprendi como era pra fazer.  Decidi fazer do meu jeito.”  Karl Lagerfeld que não é bobo nem nada, e não de hoje, sacou a mudança e reagiu.  Dois dias atrás ele colocou os já-famosos tênis de luxo produzidos por Massaro (vão chegar a custar 3,000 euros) na passarela da Chanel.

Misturar um calçado informal e sem salto com roupas altamente elegantes, não é novidade no prêt-à-porter.  É um capítulo do hi-lo que já existe faz tempo.  Na alta-costura há menos tempo, talvez só esta estação (não posso jurar).  Mas, para mim, o que foi importante não foi o hi-lo e sim (grite este SIM!!) a atitude.  Entendi ao ver o vídeo no Instagram da perspicaz  e inteligente Daniela Falcão (editor chefe da Vogue Brasil), que a descida pela escadaria no desfile da Chanel de alta costura, era feita pelas modelos correndo e em salteando, numa atitude jovem e despretensiosa de quem pode comprar estas peças que custam dezenas de milhares de euros e usá-las com um tênis de luxo, como também não!!

Clicando na imagem, vocês poderão ver o vídeo.

Portanto, a nova alta costura não muda a técnica e nem as regras, muda na atitude por respeitar, como sempre, o seu cliente!!  Parece banal, mas para o mundo da moda é um big deal!!

O que vocês acham?…

Com isso, quero mostrar as minhas peças favoritas desta semana de alta costura em Paris.

Giambattista Valli– Este italiano é um dos meus estilistas favoritos.  Faz roupa feminina com originalidade.  Como as peças são sob medida, o comprimento (mantendo proporções) fica a critério do cliente junto com o estilista…

 Elie Saab– sempre lindo e elegante, nada a adicionar.

 Versace-Donatella colocou Lady Gaga na primeira fila toda arrumada como sua sósia.  As roupas remeteram aos anos 80 e Grace Jones e seu famoso capuz em um grau de elegância e artesanato de se emocionar.

Armani– Outro velho da guarda, consegue criar peças deslumbrantes especialmente para o red carpet.

Schiaparelli– A marca renasce após 60 anos nas mãos do businessman Diego della Valle que chama o talentoso Marco Zanini (que já amávamos desde que ele desenhou para a Halston e depois a Rochas).  A Sra. Schiaparelli gostava de chocar (como com seu famoso chapéu a forma de sapato e o vestido com a lagosta subindo entre as pernas. Uma colaboração com o amigo Dalí).

Elsa Sciaparelli usando o famoso chapéu-sapato.

O vestido lagosta, uma colaboração com o amigo Dalí

Eu adorei este show, mesmo se alguns críticos podem achar que é muito prêt-à-porter.  Porém a técnica é toda de alta costura, garante Zanini.

Todas as cabeças por Stephen Jones

Dá para ver a origem, não é?…  Esta é Wallis Simpson.

Eu acho que esta é uma homenagem a Sonia Rykiel que tem os cabelos assim ruivos, crespos com a franja e é famosa pelas listras

As jóias lembram muito as obras de surrealistas de Schiaparelli que era muito amiga de Dalí.

Dior– Uma das maisons francesas mais importantes , também usou sapatos baixos, quase tênis no seu desfile.  Gostei de algumas peças do meu amado Raf Simons para esta coleção, mas fico super saudosa da sua época na Jil Sander.  Acredito que ao seu ver, ele busca modernidade…eu, humildemente, não concordo…

Dior também desfilou sapatos baixos…quase tênis…

 Chanel–  O tema esporte usado nesta coleção estava allover nos desfiles de prêt-à-porter alguns meses atrás. Só faltou citar que não entendi o por quê da “cinta” esportiva que quebra horrivelmente a silhueta e traz ao uso a exata peça que Chanel no início do século XX se rebelou e libertou as mulheres com a sua moda.  Gostei mais das peças soltas.

 

Valentino– Sempre uma obra de arte.  O mais elegante de todos com um público claro e uma idéia simples, vestir a sua cliente!  A inspiração foram as óperas o resultado magnífico.  As peças monásticas são as minhas favoritas, mas, sempre são!

Na trilha uma canção de Bjork que usou em um red carpet um vestido cisne…será que foi coincidência?

Adorei o corte curtinho de Maria Grazia Chiuri que sempre usava um chignon. Junto com Pierpaolo Piccioli, são os fantásticos diretores criativos da Valentino.

Fotos style.com e divulgação

E se quiserem ver outro post  que fiz sobre a alta costura, cliquem AQUI.

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