Nos domingos em Londres, um dos meus programas favoritos é começar com um delicioso brunch no PJ’s, ir até a loja do Conran encostada no lindo prédio Bibendum (um curioso exemplo da transição do estilo Nouveau ao Deco), passar pela ótima loja Joseph e caminhar até a King’s Road para window shop e terminar o dia na Saatchi Gallery (cuidado que fecham às 18:30).
Desta vez vimos uma exposição fantástica!! Se chama Paper. Com o tico e teco em vacation mode me custou duas salas antes que eu compreendesse o tema!! Mas foi incrível! Lindo com leveza de material e peso de expressão vi algumas das obras mais originais e emocionantes dos últimos tempos.
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Primeiro ADOREI o Japonês Yuken Teruya.
Como explica o catálogo:
No trabalho de Yuken Teruya o descartado se torna o local de transformação poética. Sacos de compras-emblemas de consumismo desenfreado – são colocados dentro da galeria a noventa graus, tornando-se frestas para o espectador. Invertendo o fluxo da indústria da árvore ao papel.
A sensação, quando se está na frente de todas estas “frestas” é de poesia. Um trabalho tão delicado e lindo onde o recorte traz luz à obra e traz a árvore de volta ao papel…
Tem um ótimo post sobre este artista no blog da amiga do Salotto, a Maria Araci, AQUI.
Outro trabalho forte e lindo é de Paul Westcombe, Coffee Cups.
O trabalho de Westcombe era, como acontece com grande arte, nascida do tédio. Trabalhando como manobrista, ele começou a desenhar em qualquer material que vinha à mão, como recibos de metro de Londres e xícaras de café de papel. Estes copos tornaram-se a superfície ideal para seus desenhos carnavalescos de pensamentos neuróticos que afligem a mente em momentos solitários. Seus títulos, como Sexo é chato Comigo, formam um comentário auto-depreciativo.
Deslumbrante o trabalho do brasileiro (que orgulho!!) Marcelo Jácome, Planos-pipas n17
Planos-pipas de Marcelo Jácome ocupa o espaço de desenho, escultura e arquitetura sem nunca, porém, pertencer a qualquer uma destas categoria. Mergulhando em todo o espaço desta sala como um bando de papagaios enlouquecidos, as pipas parecem mover-se em uma unidade semi caótica.
Sempre me questionei como foi a criança que virou um ditador horrível e assassino. É possível que ela já era intrinsicamente ruim? É o que Annie Kevans expõe. Em uma única sala, ela une alguns dos maiores monstros da história…mas como crianças com seus olhares inocentes. Me pergunto se isto fosse possível, o que aconteceria? Eles brincariam? Ou tentariam destruir um ao outro? Como diz o catálogo, este trabalho traz à tona “a disjunção entre o que sabemos hoje e o que não sabíamos então.”
Se estiverem em Londres antes do dia 3 de Novembro, 2013, passem lá, vale a pena!!!