Hoje, em streaming, assisti ao primeiro desfile de alta costura da Dior pela estilista italiana recém-chegada Maria Grazia Chiuri. Enquanto comentava em direta no Live do Instagram Stories, várias perguntas foram aparecendo no feed. Então achei que seria bacana escrever sobre o desfile enquanto respondo também a algumas destas perguntas.
Primeira pergunta era qual a diferença entre o prêt a porter (pronto para levar, o que encontramos nas lojas hoje) e a alta costura? De acordo com o Wikipedia, a alta costura “é a moda que é construída à mão (sem o uso de máquinas de costura) do início ao fim, feito com tudo da mais alta qualidade, tecidos primorosos, muitas vezes raros e costurado com extrema atenção aos detalhes e terminado pelas costureiras mais experientes e capazes, muitas vezes utilizando, técnicas manuais, árduas e lentas.” No início existia na alta costura só uma peça de cada modelo. Parece que hoje, são pouquíssimas peças de cada modelo, mas se uma cliente quiser exclusividade, deve pagar por isto.
Ao invés, as regras técnicas para que uma maison possa usar o termo alta costura às suas peças, vem da Chambre Syndicale de la Haute Couture de Paris e são:
-Modelo é feito sob encomenda para clientes privados, com uma ou mais provas.
-A maison tem que ter um atelier, em Paris, que emprega pelo menos quinze membros da equipe em tempo integral.
-A cada temporada, a maison deve apresentar uma coleção de pelo menos cinqüenta desenhos originais para o público, tanto para o dia quanto para à noite, em janeiro e julho de cada ano.
Existem só 2000 mulheres no mundo que compram alta costura e destas, só 200 são fiéis. No passado elas vinham da alta sociedade americana, européia, princesas do médio oriente e oriente e de uma certa idade. Hoje mudou. Há tempos que a alta costura se estendeu às mulheres mais jovens. E há pouco a alta sociedade não define mais a “profissão” de seus clientes. A elas se uniram cantoras, atrizes e it-girls do red carpet.
A alta costura define tendências? Eu diria que não por serem peças altamente sofisticadas e difíceis de replicar além de serem os último desfile daquela estação. Por exemplo, os desfiles de alta costura desta semana são de verão. Vimos o prêt à porter de verão da mesma marca em setembro do ano passado. E daqui menos de um mês vamos ver o desfile de inverno da marca.
A alta costura se sustenta? Parece que hoje a alta costura não é muito rentável. Ouvi dizer que só Elie Saab ganha com isto. Mas os desfiles, que antigamente convidavam pouquíssimas pessoas e ao invés hoje são enormes e divulgados pela internet ao mundo todo, são uma enorme vitrine. Parece que marcas como Jean Paul Gaultier e Viktor & Rolf usam desta para elevar a marca a fim de vender bem seus perfumes e cosméticos.
Mas esta exclusividade é boa? É lógico que em um mundo democrático como o de hoje, peças da alta costura (com preços de 10,000 a 100,000 dólares) parecem um capricho excessivo. E enquanto eu gosto de democracia e que todos possam ter oportunidades, estas peças maravilhosas são divinas de se ver e só podem existir a este preço.
O fato de mudar estilista não descaracteriza a marca? Isto é certamente um problema que a indústria da moda está vivendo. Desde que nos anos 90 começaram a criar-se as holdings de moda, como a LVMH ou a Kering, o lucro passou a ser uma parte integrante da criação. Se um estilista não consegue fazer da sua marca algo de lucrativo em 3 estações, ele é substituído. Algumas das mudanças são orgânicas, como idade. Mas ultimamente os estilistas tem mudado tanto de marcas que é até difícil lembrar quem está onde! A capacidade de criar uma personalidade à mulher que usará a marca e a continuidade são o que dão alma e personalidade à marca.
Então vamos ver o que Maria Grazia Chiuri reservou para o verão da alta costura da Dior.
Olhando o Instagram da marca nos últimos dias, eles têm dado dicas do que há por vir. Superstição, amuletos, horóscopos… o mundo místico inspirou a coleção. No cenário um bosque e no centro uma árvore adornada com cristais, cartas de tarô e amuletos…
No backstage haviam até uma máquina daquelas de parques de diversão que distribuem bilhetinhos com o futuro.
Maria Grazia desfilou mulheres que, como nas Brumas de Avalon, eram lindas, misteriosas e místicas. Com as lindas cabeças do fera inglês Stephen Jones, criaram fadas diáfanas…
Como a Sra. Chiuri é fera em acessórios também. As bijoux, com a ajuda do artista Claude Lalanne, trazem libélulas, flores, borboletas, cobras, folhas nos pescoços e dedos…
Nos pés um “chinelo” delicadíssimo…
Mas essa mulher tem os pés no chão! Os primeiros looks de alfaiataria são belíssimos, super usáveis e ultra desejáveis! São reinterpretações da famosa Bar-jacket mas com proporção contemporânea.
E daí saíram os lindos vestidos que vão disputar espaço nos importantes red-carpets dos próximos meses.
Eu achei o desfile maravilhoso!!! Foi o seu segundo para a marca. O primeiro foi super bem acolhido pela imprensa e agora está nas lojas onde vamos ver se a coleção, e a longevidade da estilista, vão vingar!
E qual o signo de Maria Grazia Chiuri? Ela conta: “Aquário, como o Sr. Dior!”
Abaixo o vídeo do desfile que vale a pena assistir para ver essas lindas peças em movimento!
Se não abrir, por favor cliquem AQUI.