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Amsterdã e Londres por Kareen Terenzzo

IMG_5377Continuando a série de crônicas por Kareen Terenzzo sobre sua viagem pela Europa…Se você perdeu algum, é só colocar na busca, acima à direita “Kareen Terenzzo”.

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Amsterdã e Londres, tudo em família

Eu estava sentada em um café na stazione de Nápoles quando consegui um vôo low cost de última hora para Amsterdã.  Ainda questionava a mim mesma o por quê de não continuar a viagem pela Itália, conhecer novos lugares, aproveitar o verão europeu, viver novas aventuras… Eu estava feliz da vida, com ótima saúde, me sentindo livre, mas por outro lado, me sentia exausta. Sentia falta da quietude mas não exatamente de ficar sozinha. Queria estar com pessoas.  Com pessoas com quem eu pudesse ter longas conversas, me divertir… E por que não um aconchego ou um “colo” para compartilhar meus pensamentos naquele momento?  E eu tinha isso nas mãos – duas possibilidades de estar com pessoas que não só me ofereciam esse conchego, como também gostariam de estar comigo. Minha volta para o Brasil estava marcada por Roma. Eu teria que rever toda a logística… E tudo por conta de sentimentos e emoções?!  Sim!!!! E assim foi.

O espírito e a alegria napolitanos me acompanharam até o aeroporto de Amsterdã. Como era uma sexta-feira (evite viajar nos fins de semana, eu lembrava a mim mesma) os napolitanos também queriam se divertir e estavam saindo da cidade. Dessa forma, o avião seguiu loootado de jovens napolitanos com muita energia e testosterona. Foi o trecho de viagem mais hilário (e barulhento) que já fiz em toda minha vida.
Quando cheguei as queridas Arlete e Stephanie me aguardavam no aeroporto. E embora eu pudesse ter ido até elas, de trem ou mesmo de táxi, confesso que fiquei muito feliz de vê-las alí. Alguém esperando por mim! Que alegria! Finalmente poderia conversar mais de 15 minutos e no meu idioma!  Mesmo tendo a companhia de alguns amigos e da minha sobrinha durante trechos da viagem, sempre chegava a hora que alguém partia, e eu ficava… E finalmente estaria em uma casa, sem check in e nem check out.

Distante cerca de 30 minutos de Amsterdã, a casa da Arlete, com sua própria naturalidade, parece que está sempre pronta para fotos: cheia de surpresinhas, cantos especiais, mimos, detalhes únicos. É como se cada cantinho tivesse sua própria personalidade ou contasse uma história diferente. O quarto que eu chamaria de “meu” nos próximos dias, estava arrumado de forma aconchegante (e não apenas arrumado) e a vista da sua janela mais parecia a pintura de um quadro.

Da janela lateral do quarto de dormir

Inspiração: uma pia antiga serve de vaso de flores

Mimos e literatura brasileira para matar as saudades da terrinha

A adorável cozinha da casa

Neatherlands fellings

Sem música a vida poderia ser um grande erro (Nietzsche)

Cantinhos especiais

Logo saí para um passeio de bike nas proximidades aproveitando os poucos raios de sol daquela tarde tranquila. Sentir o vento no rosto, o aroma das flores… e o silêncio. Eu definitivamente precisava daquilo.

Mais tarde, sabendo que eu estava saudosa do Brasil, essa família querida, comprou ingressos para assistirmos ao show de um grupo brasileiro muito bacana, e que eu não conhecia, o Sertanília. Eles se apresentaram no maior espaço de shows e eventos de Amsterdã, o Bimhuis, que tem uma arquitetura incrível. 

Meu primeiro passeio de bike em terras holandesas, com a Stephanie

Uma das bikes da família

Sertanilia! Fortes emoções em um momento que o Brasil era A notícia no mundo

Amsterdã é linda. Não tem como não gostar. Para nós, brasileiros, ou aos olhos de um turista, mesmo estando com alguém que nasceu e mora lá, é como passear num universo que mais parece um reino encantado contemporâneo. Tudo certinho, tudo funciona, tudo bonito. As pessoas são gentis. A cidade tem uma elegância  descontraída. Mas, confesso, o que eu mais gostei foi de como me movimentei lá: saímos de casa de bike (na casa já tem bike extra para visitas), deixamos nossas bikes na estação de trem e em 15 minutos estávamos no centro de Amsterdã. Um jeito tranquilo, saudável e sustentável de se locomover!

O estacionamento para bikes na estação perto da casa onde estava hospedada

Percorremos Amsterdã a pé e fui apresentada aos lugares escondidinhos, preferidos pela Stephanie e fora dos roteiros turísticos. Dei folga para minha câmera, e para mim, para poder curtir mais não só o passeio mas também a companhia da minha anfitriã.  Vez ou outra parávamos para waffles, bagels, cappuccinos e cafés  – cafés, e não coffee shops (risos). Estes últimos, não tive vontade ou curiosidade de entrar… embora tenha dado uma espiada.

Amsterdã linda!

Dá para notar o desnível entre as casas e prédios?! Isso ocorre porque eles estão abaixo do nível do mar e as edificações se movimentam (!)

Alguém muito sério ou concentrado

O clima fresco, o silêncio da cidade e da casa, as conversas sobre a viagem, me ajudaram a “ordenar” algumas ideias e pensamentos, como também, a colocar o sono em dia. Dormi profundamente como não dormia há tempos. Acordei no dia seguinte com um dia ensolarado. Um prêmio se tratando de Amsterdã. Saí para passear com a Arlete seguindo o lifestyle holandês  – de bike, de trem, a pé e de tram (bonde).  E como estava um dia lindo aproveitamos para ver Amsterdã de outro ângulo: pelos canais! Afinal, uma cidade que está abaixo do nível do mar e utiliza amplamente a navegação como forma de transporte, de lazer, de moradia, para promover pequenos eventos ou festas (como uma despedida de solteira que passou por nós) conhecê-la a partir de um barco é um passeio deliciosamente “obrigatório”.

Amsterdã vista através dos canais

Arquitetura, espaços públicos, verde… e muito charme

Não tinha tempo de visitar muitos lugares, mas o Museu Van Gogh estava na lista. Por sorte, estava aberto e recém reformado. E o que mais amei no museu?!  Foi o modo como eles explicam, contam a história do trabalho artístico e dos estudos do mestre das cores – de forma leve, didática, promovendo a interatividade das pessoas com a arte. Imperdível , para adultos e crianças

Você mesma tempera seu prato! O restaurante no museu Van Gogh, com mesa comunitária, temperos naturais e orgânicos

Almas gêmeas!

Tem várias bikes diferentes, customizadas, mas se eu parasse para ver cada uma delas… (risos)

Um café aproveitou a arquitetura e o espaço para fazer um sofá ao ar livre. É verão!

Adorei as lojinhas descoladas que visitei com a Stephanie – de moda, design, alimentos – onde o luxo, o que é bacana, é você produzir e comprar produtos feitos à mão, por artesãos, artistas e empresas locais. São peças exclusivas e diferenciadas, nada em série e tudo sustentável. E não apenas com uma etiqueta de sustentável. Não, não fotografei, e as pessoas lá pareciam se sentir mais à vontade de falar sobre isso com você se a câmera fotográfica ou telefone estivessem na bolsa.

O ponto alto da minha estadia em Amsterdã?! Na minha última noite lá, saímos para jantar em um restaurante tailândes. De bike. Fomos e voltamos pedalando entre as ruas, ora conversando, ora em silêncio apenas curtindo aquele fim de dia (era julho e o pôr-do-sol acontecia por volta das 22h00…).
 

Passei dias doces e  tranquilos em Amsterdã, regados a vinho, lanches, jantares deliciosos, e principalmente, na companhia de pessoas queridas e especiais. Fui então me dando conta, e realizando, como foi bom eu abrir esse “espaço” para receber  aquele aconchego. Agora se tratava disso para absorver tudo que havia acontecido e acontecia ainda dentro de mim.

Eu e a Stephanie 🙂

Ahhhh as vaquinhas holandesas! Tirei essa foto do trem

Me despedindo do “meu quarto” e dos amiguinhos em seu passeio diário

Família querida

 Cheguei em Londres, meu segundo lar como gosto de dizer (e acreditar, risos), em um dia com céu azul! Outro prêmio! Estava ansiosa para curtir as sobrinhas de coração e por opção.

I’m back!

London I Love You! Essa intervenção estava bem próxima a estação da London Bridge, mas não consegui descobrir o nome do artista

Campanha no underground para doação de espermas. Só em Londres!

Não, não é um gato e nem um cachorro. Mas uma raposinha tomando sol

Ela é habitué. Sempre aparece na casa vizinha a casa dos meus amigos

Era a primeira vez da Natália em Londres. Além disso, a Camila tinha sido aprovada na King’s College. Eu não poderia perder a oportunidade de estar com elas já que eu estava tão perto. Mais uma vez agradeci por ter tomado esse rumo. Foi uma farra! Tomávamos café da manhã juntas, trocávamos roupas, acessórios, elas subiam para o meu quarto ou eu descia para o delas e ficávamos as três deitadas em uma cama conversando ou só navegando na internet… sem contar as disputas de quem usaria o banheiro primeiro, ou quem não iria lavar a louça… Meninas!!!!

Pausa com as meninas, St James’s Park (Royal Park)

Depois da Itália, que mal faz?! Um pra cada uma! Borough Market e suas delícias

Ahaaaaaa! Mais um casamento para fechar minha coleção de fotos

Não canso de ir até lá e nem de olhar a London Bridge

Descobrimos um lugar novo e não preciso dizer… delicioso! Somente produtos orgânicos!!!! Neal’s Yard Dairy, em Covent Garden

Camila, eu (!) e Natália, London time!

Londres sempre convida a vivenciar a arte. Não consigo resistir e sempre vou em alguma exposição. Não tinha tempo, mas aproveitei para visitar a de Pompeia e Herculano no British Museum. E ainda dei sorte de ver um acervo novinho sobre a publicidade da Ásia. Perguntei a mim mesma nesse dia por que não consigo disponibilizar mais tempo em São Paulo para visitar exposições de arte? 

Linda a publicidade asiática pós-guerra (tanques de guerra se transformam em tratores)

Intervenção modernete que eu fui com a minha amiga Gabi: a ideia era promover uma ilusão de
ótica através de espelhos, assim tinha-se a impressão que as pessoas estavam mesmo na fachada da casa. Divertido! Em uma versão,acima, eu e Gabi estamos lixando as unhas na janela, na outra peguei uma vassoura ali em algum canto para dar a impressão que estava voando. As demais pessoas estavam lá também se divertindo como nós.

Meditar é preciso. No jardim do Museu de História Nacional

Serpentine Gallery e a instalação de verão do artista Sou Fujimoto. Dentro dela havia um café. Notem que as pessoas podiam andar e subir por ela

Nem que seja uma passadinha, não deixo de ir ao V&A. Mesmo se for só para tomar um chá com bolo

Estava indo tudo muito bem até eu ter que remarcar e trocar meu vôo de Roma/Paris/São Paulo para Londres/São Paulo com alguma possível conexão.  Poderia ser algo simples, mas a empresa a qual eu comprei minha passagem numa promoção da madrugada (uma famosa empresa brasileira), não sabia como proceder – era a empresa que vendeu a passagem que deveria resolver ou a companhia aérea??!!  Faltavam 72 horas para o meu vôo. Eu nem pensava em ir para Roma. Depois de algumas horas perdidas no skype e em telefonemas, sem solução, decidi entrar em contato diretamente com a companhia aérea utilizando uma ferramenta que não usava há tempos, o Twitter!  E surprise!  Em menos de 24 horas eles resolveram tudo, conseguiram um vôo ótimo e eu teria que pagar uma diferença mínima. Era só aguardar o novo e-ticket… que chegou um pouco antes da madrugada do dia anterior do meu vôo. Foi então que eu notei algo estranho. Quando confirmei o trecho, os aeroportos estavam descritos com suas respectivas siglas… Na pressa, no sono, não sei, li Heathrow mas era Malpensa, em Milão!!!!! Um erro de comunicação da minha parte e da companhia aérea. Não aguentei e caí no choro. Eu só queria voltar para casa. Estava ótimo em Londres, eu estava me divertindo, mas… queria minha casa. Estava saudosa da minha cama, do meu travesseiro, das minhas plantas.  Das coisas mais básicas, como por exemplo, assistir um filme no meu sofá e comer arroz, feijão e ovo.  Brava gente essa que deixa o seu conforto para passar alguns meses ou anos fora do seu país.

Passado o mimimi, respondi ao Twitter da companhia aérea, expliquei a situação com um pedido de desculpas. Faltavam pouco mais de 24 horas para eu embarcar. Foi uma longa madrugada. Na verdade, não era lá um grande problema. O máximo que poderia acontecer era eu gastar um dinheiro a mais do que gostaria para voltar num vôo que me atendesse. Só estava cansada de fazer e refazer logísticas. Em  poucas horas a competente companhia aérea resolveu tudo. E pelo Twitter!  Não me cobrou uma libra ou dólar a mais por isso. Meu vôo sairia de Londres, faria uma conexão muito rápida em Paris, e finalmente, Sampa! Fiquei impressionada com a agilidade e bom atendimento deles. Não menciono aqui no post, mas depois se alguém quiser saber, eu conto nos comentários.

Assim, na madrugada do dia seguinte, quase 2 meses depois, eu deixava o velho continente e voltava para o meu lar.

Escrevi e reescrevi esse post várias vezes. Sendo sincera com vocês, me parecia meio morno. Não tinha muitas aventuras para contar ou muitas novidades, ou lugares incríveis. Depois revendo as fotos, encaixando-as no contexto, entendi e ele fluiu. Há mais de nós mesmos nas coisas e gestos mais simples. Há “muita aventura” naquilo que menos esperamos. Nas emoções e sentimentos que promovem aquela sensação boa chamada felicidade que eu senti, estando lá em Amsterdã e Londres, em casa, em família.

Eu pedi a elas: só uma fotinho de vocês duas ali no pátio quando as fontes pararem…

Elas foram, até que as fontes começaram a funcionar automaticamente…

Nos dias quentes, para os padrões londrinos, vocês podem imaginar a farra que eles fazem; em Somerset House

Time to relax! Hyde Park

Ah o Verão em Londres! Hyde Park

Os cisnes da Rainha, Hyde Park (foto by Natália Pires)

A Stephanie desenhou para mim depois que deixei Amsterdã. Depois de longas conversas, essa é a “leitura” que ela fez sobre a minha viagem… As asinhas, remetem à capa do meu celular (Quem lembra? Eu comprei em Milão) e simboliza que agora estou e me sinto livre para o mundo, as viagens que fiz e farei pelo mundo, e meu re-nascimento, inspirado pela Itália 🙂

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