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Amadurecer… nós e eles…

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Foto Roberto Leone

Quando apoio a cabeça no travesseiro para dormir, a primeira e última coisa que penso é onde estão apoiadas as cabecinhas dos meus dois monstrinhos, Cosimo (22) e Allegra (20).  Foi neles que pensei e pelo meu amor a eles que chorei quando assisti o último episódio da série The Middle neste fim de semana.

Já há algum tempo tenho dito que gosto muito mais de séries televisivas do que da maioria dos filmes milionários com budgets gigantescos de publicidade.  Nelas as palavras reinam ao invés de explosões ruidosas e infinitas!  Ontem, assistindo o seriado The Middle sobre uma família americana média no meio dos EUA onde tudo é médio, me encontrei chorando em um momento de epifania dos pais… e quem sabe meu também.

Acho a série fantástica por expor a ingenuidade americana e usá-la da forma mais pura para entender as realidades importantes nos relacionamentos humanos.  É hilária e tão profunda ao mesmo tempo, como a melhor forma de humor deveria ser.  O que acontece no episódio 20 da 7ª estação?  A mãe encontra um sapatinho de Barbie na sala (ela nunca passa o aspirador) e morta de saudades combina de almoçar no dia seguinte com a filha que está morando na universidade.  Por sua vez, o pai vê que o filho maior deixou seu exame de idoneidade física para jogar futebol na sala.  Ele precisa deste para jogar na universidade que está cursando senão não receberá a bolsa de estudos.  O pai decide levar o exame ao filho.

Ao chegar na universidade da filha, a mãe descobre que ela está namorando um ativista idealista.  Durante o almoço a filha expõe como ela e o namorado irão à luta contra uma série de injustiças do mundo.  A mãe, no cinismo da sua meia idade, finge entender.  Mais tarde, inevitavelmente, elas discutem sobre as diferenças de opinião, e se separam brigadas.

Já quando o pai leva o exame ao filho, ele comunica que quer abandonar o time e procurar outras opções de bolsas de estudo pois quer aproveitar seu último ano de universidade.  O pai fica ultrajado e eles também brigam.

Transtornados e abalados, os pais se encontram no bar da cidade (os dois filhos vão à mesma universidade meia hora de casa) onde o Happy Hour oferece cerveja a 10 centavos.  Eles acabam bebuns e vão dormir no trailer do filho que está vazio.  Abraçados e ainda falando dos filhos, eles têm uma conversa linda.  O pai conta que seu momento mais feliz na vida era quando ele guiava o carro para qualquer lugar e tinha a esposa ao lado e os três “idiotinhas” no assento de trás. “Tudo estava bem e eu estava no controle.”

Bicas abertas!  Chorei!!  É exatamente como eu me sinto quando sei que eu e meus filhos estamos sob o mesmo teto e estamos todos bem e felizes…  Felicidade e controle… Sei também o quanto esse momento é fugaz.  Parte da razão dele ser tão especial…

Colocamos nossos sonhos sobre suas cabeças… apesar deles serem suas próprias pessoinhas… Ainda bem!  Eles hão de trazer outras coisas ao mundo e deixar as suas marcas.  Mas queremos ajudá-los com a nossa experiência… Às vezes podemos, mas às vezes temos que entender que a estrada é deles e que deixando-os percorre-la, farão coisas novas…

Voltando à série The Middle, quando os pais acordam, o filho e seus companheiros de trailer já estão preparando o café da manhã e trouxeram os pais de volta para casa.  Os papéis se invertem por um momento…

Passada a tempestade e todos mais tranquilos, pais e filhos conversam separadamente e vêm que a verdade está no meio.  Se abraçam… se entendem!  Que sorte essa, a da dinâmica da vida, pois assim entendemos que cada um de nós temos um nosso por quê!

Os nossos sonhos não devem ser os sonhos deles.  Não devemos fazer as nossas expectativas as deles. Me questionei pouco tempo atrás por que não nascemos sabendo o que a geração anterior já sabe e construimos sobre isso… Mas hoje já acredito que é o viver e o aprender a beleza da vida e que estar nesta terra significa tentar tirar o melhor do que nos é oferecido.  Como sempre digo: viver é uma responsabilidade.  Faça do viver algo de lindo sem machucar aqueles ao teu redor.

O amadurecer vem com responsabilidades, foi isto que os filhos da série aprenderam.  Como todos nós o fazemos.  E é esse o processo que me entristece na corrupção sem limites e sem construção.  Todos os governos roubam.  É parte de ser humano.  Quando muito poder te é dado por muito tempo, quando não tem consequência ao comportamento vil, o ser humano tira vantagem.  Eu tenho certeza que aconteceria com qualquer um de nós.  O que é insuportável para mim, é quando isto gera mal aos outros.

Eu não consigo pensar nas milhões de crianças que não têm uma boa educação, uma educação válida!  Imagino os pequenos gênios no meio delas que poderiam curar o câncer, ou serem um maravilhoso artista ou poeta.   Que nunca terão a chance de sê-lo por não saberem escrever, ou não terem acesso a um bom livro.  Quando se aprende a escrever aos 16 anos e se vira presidente, como pode-se virar as costas a isso?

Ou o transporte.  Por que temos tão poucos portos?  Por que as estradas são tão perigosas?  Por que não existe um trem bala entre São Paulo e Rio?  Imaginem o desenvolvimento que isto geraria!

E nem vamos começar a falar da saúde que, sempre na minha opinião, deveria ser socializada… Um direito civil!

Não quero defender um partido ou outro.  Uma administração ou outra. Quero defender a civilidade.  O Brasil precisa de infraestrutura.  E no momento não parece existir planos para isto.

Precisamos de líderes.  Não só no Brasil, mas no mundo!  Falei no meu Snap, para mim, agora, a única pessoa que é um líder é o Papa Francisco.  E não só os cristãos acreditam nisto, mas sim pessoas de quase todas as religiões.  E o que ele defende?  O amor, respeito, civilidade e justiça!

Sempre quis que o blog fosse um espaço de lazer e não de polêmica.  Mas hoje me emocionei e falei.  Imagino que cada um de vocês terá a sua opinião.  Gostaria de lê-la, mas peço que os comentários sejam civis e educados. Por favor, senão vou ser obrigada a desligá-los para este post.

O processo de amadurecimento é lindo, em nós e nos outros.  Tentamos aprender com o passar do tempo e respeitarmos uns aos outros.  A verdade nunca é uma só.

bjs,
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