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Piauí, Serra da Capivara, conta a minha irmã, Alessandra Blocker

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Minha irmã escreve como poucos. Aqui ela nos presenteia com o relato da ida à Serra da Capivara no seu aniversário em Julho.

Meu aniversário cai bem no meio das férias. Por isso acabo sempre por comemorar em algum lugar inusitado e divertido. Dois anos atrás foi Inhotim, no ano passado com meu pai e minhas irmãs no Texas e, neste ano, na Serra da Capivara.

O Carlos, meu marido tinha ouvido falar, pela irmã dele dessa serra no Piauí que tem pinturas rupestres e uma natureza linda. Decidiu então nos levar até lá. Detalhe: nós somos eu e seus dois filhos Artur e André.

Nós quatro: Artur, Alessandra, Carlos, André. Atrás você vê a Pedra Furada. Essa maravilha fica para o próximo post.

Ignorante que sou, não sabia que na Serra da Capivara, está um dos sítios arqueológicos mais importantes das Américas com pinturas rupestres de 12 a 6 mil anos, esqueletos de preguiças gigantes, medindo entre seis e oito metros, tatus do tamanho de um fusca. Além disso há também indícios da existência de uma civilização anterior a 12 mil anos, o que contradiz a teoria atual de que o homem chegou à América pelo norte.

Pinturas rupestres de 6 a 12 mil anos atrás. Estão todas sobrepostas nas rochas da Serra

Esta pintura virou o símbolo do Parque Nacional da Serra da Capivara. São dois viados de idades e estilos diferentes.

Mandíbula de preguiça gigante. O iPhone está aí para dar uma noção do tamanho do bicho!

Até recentemente, a interpretação mais largamente aceita baseada nos achados arqueológicos era de que os primeiros humanos nas Américas teriam vindo numa série de migrações da Sibéria para o Alasca através de uma língua de terra chamada Beríngia, que se formou com a queda do nível dos mares durante a última idade do gelo, por volta de 9 mil anos atrás.

No entanto, achados com o fóssil da Luzia em Minas Gerais e as escavações da Serra da Capivara, começam a sugerir que o povoamento das Américas teria sido feito por duas correntes migratórias vindas da Ásia. A primeira teria ocorrido 14 mil anos atrás e seus membros teriam aparência semelhante à de Luzia. O segundo grupo teria sido o dos povos mongolóides, há uns 11 mil anos, dos quais descendem atualmente todas as tribos indígenas das Américas

Lição de história e antropologia à parte, esse é um dos lugares mais lindos que já fui na minha vida.

É difícil chegar à Serra da Capivara. Nós saímos de casa às 5:00 (sim, da manhã!), pegamos um avião de Guarulhos até Petrolina (com escala em Recife). Já em Petrolina minha total ignorância em relação ao Nordeste começou a se revelar. Esta cidade pernambucana no leito do Rio São Francisco (o Velho Chico) é o centro produtor de frutas do Nordeste. Já do avião conseguíamos ver, em meio a um sertão totalmente árido, lotes e mais lotes de terras verdes, irrigadas, onde se plantava todo tipo de frutas. Estávamos em Petrolina só de passagem, mas não podíamos deixar de visitar o Bodódromo, que é um aglomerado de restaurantes que servem bode. Na verdade servem carneiro, que tem uma carne mais macia e com sabor mais suave que o bode, mas chamam tudo de bode. Os restaurantes lá parecem churrascarias, onde servem baião de dois (que é um feijão bem temperado misturado com arroz), dois tipos de pirão, farofa e macaxera (mandioca) frita com manteiga de garrafa. Além do bode, é claro. Super light! Uma delícia!

entrada do bodódromo

Restaurante no Bodódromo

Baião de dois, pirão, farofa, arroz e macaxera

banheiro arretado do Bodódromo

De Petrolina alugamos um carro e dirigimos 360km até São Raimundo Nonato. Ao contrário do esperado, as estradas eram muito boas. Os únicos obstáculos eram os animais (principalmente jumentos, bodes e carneiros) que se deitam no asfalto. Mas, fora isso, apesar de longa, a viagem foi ótima.

Petrolina: chegamos? Não ainda faltam 360Km

A estrada era boa, superextensa, dava pra enxergar a quilômetros de distância!

co-pilotando

quilômetros e quilômetros de estrada…

animais na pista

Chegamos às 8 da noite (depois de um total de 14 horas de viagem entre avião e carro) no “melhor” hotel da cidade. O Hotel Serra da Capivara é de propriedade do Estado e, portanto muito burocrático. Dizer que não é de luxo, seria bondade, ele é beeem rústico, mas tem uma piscina para refrescar no final do dia, wifi e a comida era bem decente.

Entrada do Hotel Serra da Capivara. Os carros estacionam na “varanda” do restaurante (rsrs).

Afinal não passamos muito tempo no hotel de qualquer forma. Segue abaixo uma listinha do que levar na mala para uma melhor estadia em hotéis no interior do Brasil. Se eles não forem do Roteiro do Charme, as chances são de que seu hotel não será dos melhores:

  1. Sabonete (geralmente os fornecidos são muito pequenos);
  2. havaianas ;
  3. lâmpada incandescente ou se for PL que seja cor quente ou amarela. Tanto eu quanto o Carlos, meu marido, detestamos aquelas lâmpadas brancas, que são a vigência na maior parte dos hotéis brasileiros. Se você for como nós, não esqueça de levar uma ou duas lâmpadas amarelas na mala. Nós não fizemos isso, mas, por sorte, encontramos uma lâmpada incandescente dando sopa numa luminária da piscina que não estava mais sendo usada, mas que, ao invés de retirada, foi simplesmente esquecida. Imediatamente pegamos a lâmpada e a substituímos pela do nosso quarto.
  4. Fronha de algodão;
  5. álcool gel (eu sempre desinfeto telefone, controle remoto de TV, torneira, privada e descarga);
  6. lenços umedecidos (se você, como eu, sente falta de um bidê).
  7. Dá pra perceber que eu tenho TOC (rsrsrs)?

Detalhe: um amigo meu, que montou o Museu do Homem Americano de lá, me disse que você pode fretar um aviãozinho em Teresina por R$800,00 e pousar em São Raimundo Nonato. Se você fizer isso esteja ciente de que o avião será daqueles pequeninos. Também certifique-se de que haverá alguém lá no aeroporto para te buscar e um guia com carro para te levar nas excursões. Sem carro fica bem complicado.

No hotel, mesmo pedimos um guia. É proibido entrar no Parque Nacional da Serra da Capivara sem guia e, mesmo se não fosse, não seria uma boa ideia. As chances de algué que não conhece o parque se perder lá dentro são bem altas. Além do que, são centenas de tocas (como são chamados os locais onde estão pintura rupestres). O melhor é ter alguém que conheça bem a região para te guiar.

Já no jantar encontramos nosso guia Rafael. Nascido em São Raimundo, mesmo, ele sabia tudo de lá, mas também se interessava em geografia, falava inglês e até arranhava o francês, já que muitos dos arqueólogos trabalhando lá vêm da França.

Ufa, tudo isso só cobriu o primeiro dia! Vamos ver se no próximo post eu serei mais breve!

Fiquei apaixonada pelas cercas dessas casinhas nordestinas. se um designer paulistano descobrir, vamos ver isso direto na casa cor!
Não é linda essa cerca?! A textura nessa luz chapada, é apaixonante!

A ovelha nordestina é adaptada. Ela não tem quase lã.

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