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Perfumes!! O que há de novo hoje e quais eu uso!

Perfume spraying from bottle

Já contei por aqui que gosto muito de perfume e como ele nos identificam.  Por isso, em geral, gosto de ter 1 perfume.  Assim, acredito, toda vez que alguém sentir aquele cheiro, vai lembrar de mim…

Porém, no momento estou usando vários… me apaixonei por estes e não consigo escolher um só… mas acredito que eventualmente vou…

Eles são:

Comme des Garçons Parfum –  Floriental e Wonderwood – em geral, todos os perfumes desta marca japonesa são maravilhosos.  Tem bastante escolha.  Tanto que não consegui escolher um… e são, em geral, unissex!

The Beautiful Mind Series e seus criadores.

The Beautiful Mind Series Vol. 1 – adoro a estória desta fragrância.  O nariz, Geza Schoenchamou Cristiane Stenger , uma jovem campeã de memória.  Ele a levou a seu laboratório e lhe ensinou sobre perfumes.  Ela usou de seu talento com a memória para que juntos criassem esta fragrância que tem vários estratos de aromas incríveis!

L’Eau de Chloé

Chloé Eau de Parfum Intense

Chloé – Gosto para o verão.  Tanto a L’Eau de Chloé  (fita verde) quanto a Chloé Eau de Parfum Intense (fita preta) .  É a única marca de perfumes de Duty Free que gosto.

Simone Cosac – Em Florença esta brasileira descobriu o seu dom e começou uma linha de perfumes com o seu nome.  O meu favorito é Trama!    Veja a sua história linda e surpreendente nest post AQUI.

Todos estes tem cheiros que considero chiques e maduros.  Coloco na pele e espero ele reagir.  Fecho os olhos e me imagino indo embora e deixando só o perfume… Pergunto: este aroma me representa?  Representa o que eu gosto de mim?  E é assim que os escolho.

Perfumes também seguem tendências.  Ultimamente tenho notado que existem algumas famílias e categorias de perfumes.  Aqueles que encontramos no Duty Free são mais de massa. Daí existem os de nicho.  Estes do Duty Free seguem a tendência de perfumes doces e fortes.  Pessoalmente não gosto nem um pouco.  Acho arrogantes e pouco elegantes, além de me darem dor de cabeça.  Me surpreendo que conseguem vender tantos!!  O único que tenho gostado destes são os da Chloé.

Então comecei a me informar sobre os perfumes de nicho.  Até escrevi um artigo para a Veja Luxo em 2012.  (Abaixo está o texto completo.)  Foi onde encontrei os meus outros perfumes.  Acho que o Comme des Garçons fica meio no meio entre o nicho e os de massa.

Compro muito meus perfumes na Harvey Nichols em Londres pois têm uma ótima escolha e o melhor preço.

E vocês?  O que acham dos perfumes de hoje em dia?

Artigo para a Veja Luxo.

Perfume é um produto de luxo?

De uns dez anos para cá, o mercado de luxo da perfumaria tem se transformado. Foi-se criando o que é chamado de niche fragrances (fragrâncias de nicho) ou haute parfumerie. Frascos de cristal Baccarat, ingredientes raríssimos, distribuição limitada, produção restrita e preço alto definem este produto.

De forma geral, um perfume de uma marca conhecida, como pode ser Dior ou Hermés, é classificado como opening price point, ou seja, uma das peças de menor custo da gama de produtos oferecidos. De uma certa forma, é um pequeno pedaço do sonho que uma marca de luxo oferece. Neste caso, o sonho pode ser comprado por uma parte da população bem maior do que aquela que pode comprar, digamos, a bolsa de marca. Para poder sustentar um produto com este preço, a marca deve poder distribuí-lo em massa. Lojas de departamentos e duty free servem a este propósito. Isto é, até pouco tempo atrás.

 Para definir um perfume de alta gama, é necessário primeiro falar da sua história. O perfume existe há milhares de anos, e na forma de garrafa de perfume já na era do antigo Egito, 1000 BC. Mas foi durante a Renascença, na Itália da metade do século XV, e logo depois na França, que perfumes ganharam importância. Na época a toalete dos nobres e ricos era pouca. Para disfarçar o cheiro ruim, perfumes começaram a ser usados em abundância. Mas este costume era oneroso.

Foi só no início do século XX que a versão light do perfume, a água de colônia, começa a ser comercializada. Avançamos ao dia de hoje onde as linhas a preço baixo, que carregam nomes de artistas pop como Justin Bieber, são distribuídas em drugstores . Os perfumes de marca, por sua vez, são vendidos nas boutiques, lojas de departamento e duty free.

Mas se o que Costanza Pascolato bem define como luxo é “algo raro e caro”, como podem perfumes que se encontram em tamanha grande escala serem considerados de luxo? Como prova, há pouco outro tabu foi quebrado neste mercado do perfume, o comercial na televisão. Existe algo de mais massificado?

Foi nesta incongruência da definição de um produto de luxo que perde sua patina de tal, que alguns expertos da industria percebem um nicho e oportunidade.

Um destes foi o nariz (como são chamados os artistas de perfumes) alemão Geza Schoen que cria em 2006 e coloca no mercado o par de perfumes: Molecule 01e Escentric 01. Deliberadamente provocatório, era uma tentativa de criticar e revolucionar como perfumes eram criados e marquetados. A sua premissa era de criar 2 perfumes em torno a um aroma. No caso, a primeira série foi criada em torno ao aroma-químico Iso E Super. Adivinhem só, deu certo! Em pouquíssimo tempo, estes perfumes quase sem cheiro, que é na realidade, muito menos um cheiro do que um efeito sutil, aveludado que flui e reflui sobre a pele, viraram cult entre ícones como Elton John e Amy Winehouse, Mario Testino e Kate Moss. A idéia de criar uma fragrância especial, e de fazê-la nota através da sua qualidade e da distribuição primorosa, funcionou.

A distribuição no lançamento foi feita não a grandes como Harrod’s, mas só na exclusiva Harvey Nichols em Londres. Sem publicidade, o sucesso veio do boca a boca. Desde então já foram criadas 3 edições.

Em 2007 Schoen lança a primeira fragrância de outra série, a Beautiful Mind Series, onde chama a menina prodígio, gênio da memória, Cristiane Stenger para colaborar com o seu know-how e talento. Juntos criam algo de especial. Unidos ao estúdio inglês criativo, Me Company, que cria um packaging incrível evocando o movimento da mente, começam uma nova tradição. Um perfume que “nos lembra que uma mulher inteligente é uma mulher sexy!”

A próxima fragrância da série, volume 2, deve sair este ano, se Geza conseguir que a bailarina Polina Semionova pause suas piruetas pelo mundo afora por um momento para que possam sentar e desenvolvê-lo. [ndr Já foi lançado]

Quando perguntado o que pensa dos perfumes de grande distribuição, Schoen diz: “Eles não tem alma. Seus produtores não pretendem que um perfume se torne um clássico. Se por acaso você se habituar a um dos seus aromas, da próxima vez que for comprar, talvez não exista mais. Não precisa-se apresentar melhor um perfume, o que é necessário são perfumes melhores. Por isto que a perfumaria de nicho está crescendo.”

 Sua inspiração? “A vida, penso. O processo de criar um perfume é impulsionado pelo ingrediente.”

 Mas as estórias das grandes marcas de perfumes são muito diferentes uma da outra. Um dos pioneiros e maiores artistas da perfumaria é italiano. O florentino Lorenzo Villoresi, começa sua aventura neste mundo em 1990 através da sua paixão pelo oriente. Um grande viajador, ele traz dos seus destinos essências que transforma em perfumes para seus amigos. Este hobby ganha ímpeto, e ele aprofunda seu conhecimento estudando mais e mais do incrível mundo das essências. Em seu maravilhoso ateliê no último andar de um prédio do século XV no centro de Florença, Villoresi tem mais de 1200 frascos com essências diferentes. Lá, ele não só desenvolve a sua gama de perfumes, mas também cria fragrância bespoke, sob medida. Uma conversa longa e tranqüila onde explora as paixões olfativas do cliente através de memórias e emoções, se transforma em um perfume exclusivo. Para isso é necessário reservar meses antes e esperar ao menos três semanas para havê-lo. 

Villoresi descreve o seu produto desta forma:“Pertencemos a um campo da perfumaria, agora extremamente limitado, onde a liberdade de criação artística é o objetivo final de toda a produção.” Que entra em contraste absoluto com perfumes de grande escala onde “O principal problema é que, inevitavelmente, devem seguir as últimas tendências e imitar as fragrâncias mais bem sucedidas, criando assim uma grande quantidade de perfumes “gênero” às custas de qualquer originalidade. Além disso, muitas vezes estes perfumes contêm bases/ingredientes de custo muito baixo, com resultados, que pode-se imaginar, tanto do ponto de vista da fragrância quanto da arte.”

Sua inspiração? “Sonhos, mitos, lendas, o mundo imaginário e as novas dimensões emocionais.”

Mas também temos o inglês, Simon Brooke, que ao fazer a sua árvore genealógica, descobre que a grande marca de perfume, Grossmith de 1835, pertence à sua linhagem e está dormente. A recupera e em 2009 lança as fórmulas antigas, com ingredientes modernos. Isto porque vários ingredientes naturais, hoje não podem mais ser usados por perigo de extinção das plantas de origem. Seus substitutos sintéticos e químicos são de ótima qualidade, tem um perfume e desempenho, garantem os expertos, muito bom.

Talvez por não ser um nariz, sua visão quanto à distribuição é diferente. Ao contrario de Schoen e Villoresi, Brooke acredita que as lojas de departamento e duty free são essenciais para criar interesse, consciência e emoção à perfumaria de nicho.   Diz, “Sem eles, haute parfumerie não poderia sobreviver. Eles são o ponto de partida para muitos apreciadores de perfume que desenvolvem a sua paixão e compreensão de perfume a um nível superior.” Ele suporta com força também os espaços especializados de distribuição de perfumes de nicho, as boutiques de perfumes.

Sua inspiração? “A idéia de sofisticação discreta.”

Com desempenhos de até cem mil frascos por ano, com uma margem bem maior do que os produtos de grande distribuição (uma garrafa custa de 90 a 200 dólares, sem falar do sob medida e daqueles em frascos de cristal), o mercado de fragrâncias de luxo tem a sua razão econômica de existir! A prova são a criação de feiras miradas, como Fragranze em Florença (com um crescimento do público de 26% entre 2011 e 2012), e boutiques específicas como Campomarzio70 em Roma.

A família italiana, Di Liello, são proprietários da Campomarzio70. Eles se auto definem como “divulgadores da cultura olfativa.” Há quatro gerações, se ocupam de vender, e hoje distribuir, o que há de melhor no mundo das fragrâncias. Frida Giannini, diretora criativa da Gucci, dá como referência do melhor espaço para encontrar fragrâncias especiais em Roma justamente a Campomarzio70 que tem três lojas na cidade, Via di Campo Marzio, Via Vittoria e Pantheon.  São elegantes com pessoal altamente treinado, espaços olfativos onde encontrar e difundir a cultura de perfumes. Afinal, como dizem seus proprietários, “Os perfumes são uma forma de arte, é por isso que eles causam reações tão diferentes.”

Portanto ingredientes raros, qualidade, exclusividade, originalidade seduzem para criar um produto de luxo: os novos perfumes da haute parfumerie moderna. E apesar dos objetivos soberbos em seus produtos, quando convidados a dividir seus sonhos, os criadores destes produtos de luxo são modestos. Villoresi quer produzir substâncias aromáticas, como íris, louro, lavanda, rosa e jasmim, perto de Florença.   O Sr. Brooke busca restaurar a Grossmith à sua grandiosidade do início do século passado. Geza Schoen espera na vitória da Alemanha na copa do mundo e de virar pai. Afinal, somos todos humanos, raros e caros, como no mundo do luxo.

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