Sempre soubemos que Raf Simons, diretor criativo da Dior desde a metade do ano passado, é um intelectual e amante das artes. O que não sabíamos é que Dior também o era ao ponto de ter sido um galerista, representando Giacometti e Dalí, antes de ser estilista.
O programa deste desfile, altamente sugestivo, define bem o propósito de Simons: “A persistência da memória: os pensamentos, sentimentos e experiências que fluem e inspiram o processo criativo com a passagem do tempo… como ela molda o design da maison tanto para Simons como para Dior. Diz Raf: “Esta coleção é mais ligada às paixões que partilhamos.””
Como foi que isto se traduziu na passarela? Na realidade, eu mais vi esta influência em estampas de olhos a la Dalí nos vestidos de chiffon, algumas modelagens anos 20 e desenhos dos anos 50 de sapatos feitos por Andy Warhol nos acessórios (a maison Dior colaborou com a Andy Warhol Foundation of the Visual Arts para usá-los). Em uma breve pesquisa pela internet encontrei estes exemplos que identificam o traço.
Com toda esta bagagem como inspiração, foi muito interessante (e uma grande sorte) para mim, grande fã de Raf Simons, poder ver o desfile pelo backstage.
A emoção e tensão eram enormes!! Raf, com ao seu lado Camille Miceli, designer de jóias antes na Louis Vuitton e agora colaborando com a Dior, controlava uma a uma as modelos antes de entrar na passarela. E isto é normal. Mas a tensão no seu rosto era clara.
No final do desfile, todos começaram a chorar! De alívio e pela emoção da frase intelectual por trás de toda a intenção do desfile.
Porém, tenho que dizer mais uma coisa. Apesar do espetáculo ter sido deslumbrante, eu vi as roupas de perto e fora do contexto sureal da passarela. Fiquei triste. Decepcionada. Com a exceção desta peças abaixo, LINDAS, achei a roupa exquisita, sem graça, intelectual demais, feia. Quase como se Simons estivesse gozando de mim e dizendo: ” Você não pode entender isto…”.
Qual é a tua opinião?…