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O mito de Eros & Psyché – 1ª parte por Luciene Felix Lamy

O mito de Eros & Psyché

Psyché ainda menina, por William Sergeant Kendall (1909): Mesmo à revelia, essa inocente menina despertou o ódio da mais poderosa divindade do Olimpo! Afrodite (Vênus), deusa do amor e da beleza não admite concorrência e trata de enviar seu filho Eros (Cupido) para vingá-la. Mas eis que… Bem, saiba sobre o desenlace desse mito repleto de paixão, amor, sexo (à la 50 tons) e, claro, a legítima PAIDEIA (pedagogia) grega.

O mito de Eros & Psyché – Qual é a condição “sine-qua-non” para o Amor?

Por Luciene Felix Lamy

Amigos do Consueloblog, a fim de enriquecê-los ainda mais com conhecimentos sobre a mitologia greco-romana, é com prazer que trazemos esse que é, seguramente, um dos mitos mais retratados em toda a História da Arte.

O amor vivenciado por Eros (Cupido), filho da deusa do amor e da beleza, Afrodite (Vênus) pela formosa donzela, Psyché (Alma) está eternizado em pinturas e esculturas lindíssimas por muitos artistas e será impossível não encontrá-los nos grandes museus mundo afora.

O nascimento de Eros, por Eustaque Le Seur

Psyché ainda menina, por Jean Baptiste Greuze

Psyché adolescente, por Wilhelm Kray

Psyché adolescente, por Friedrich Paul Thumann

Eros & Psyché quando crianças por William Adolphe Bouguereau

Eros & Psyché quando crianças por William Angelika Kauffmann

Indubitavelmente, a felicidade no amor é uma das maiores dádivas que alguém pode almejar. E há, em todo relacionamento amoroso bem sucedido, um componente imprescindível, sem o qual essa felicidade jamais pode ser plenamente alcançada.

A fim de explicitar o quão relevante é esse componente, conheçamos o mito de Eros (Cupido) e Psiquê (a Alma).

Psiquê era a mais nova de quatro irmãs. Bela, mas tão bela, que a própria deusa do amor e da beleza, Afrodite (Vênus), começou a ficar incomodada, pois vinham estrangeiros de longe conferir a beleza da jovem. Já estavam até deixando de frequentar o templo da mãe de Eros e abandonando o hábito de lhe fazer oferendas.

Psyché é reverenciada e observada por Afrodite (Vênus) lá do alto, que a aponta para Eros (Cupido), por Luca Giordano.

Enciumada, a deusa do amor e da beleza decide enviar seu filho Eros e incumbe-lhe a tarefa de flechar o coração de Psiquê para que a jovem se apaixone pelo mais reles dos mortais: um mendigo, um grotesco velho feioso, tosco, qualquer um, desde que fosse imprestável.

Psyché está cercada de pretendentes e é observada por Eros, por Maurice Denis.

Mas Eros, ao avistar Psiquê apaixona-se perdidamente por ela.

O pai de Psiquê, preocupado porque já havia casado as outras três filhas e a caçula não se interessava por ninguém, foi procurar o Oráculo. Eros, passando-se por adivinho, disse-lhe que a moça deveria ser levada a um alto penhasco e lá deixada, pois era essa a vontade dos deuses.

Os pais de Psyché vão consultar o Oráculo de Apolo e, escondido, Eros se faz passar por adivinho, por François Pascal Simon Gerard.

Crente, o pobre pai, embora sofrendo muito, cumpriu à risca o mandamento do Oráculo. Adornada como uma noiva, Psiquê seguia resignada, conformada com seu destino, mas suas irmãs e seus pais choravam muito. Preparam-na, despediram-se e a deixaram no penhasco conforme a orientação recebida.

Seguida por seus pais, Psyché é acompanhada por suas irmãs para ser deixada num penhasco, por Edward Burne Jones.

A jovem sendo levada, por Bernardo Daddi (bico de pena) e por…

Juan Carlos Boveri

 

 

 

 

Psiquê adormeceu e Eros providenciou para que Eólo, o vento de brisa suave a arrebatasse até seu magnífico palácio. Noutras versões, assim que a jovem dormiu, depois de passar um tempo em devaneio, apenas a observando, ele mesmo a levou em seus braços.

Psyché adormece onde fora deixada e Eros a observa, por Kinuko Y. Craft

Christian Gottlieb Kratzenstein

William Etty

Edward Burner-Jones

Anthony Van Dyck

Alphonse Legros

Mumiah

Ainda adormecida, Psyché nem sabe que está sendo levada pelos braços de seu apaixonado Eros, por Pierre-Paul Proudhon

William Adolphe Bouguereau

William Adolphe Bouguereau

Annie Louisa Swynnerton

Ao acordar, Psiquê não compreendia… Estava cercada de muito luxo: via diante de si uma enorme mesa com um vasto banquete, jardins repletos de flores, pássaros, tudo impecável e, embora jamais avistasse qualquer pessoa, só de pensar em algo, tinha seu desejo prontamente atendido. Era como se houvesse um séquito de serviçais para atendê-la.

Psyché adentra timidamente ao jardim do palácio de Eros, por John William Waterhouse

No palácio, Psyché é servida por um séquito de serviçais que Eros deixa à sua disposição, por Charles Joseph Natoire.

À noite, Psiquê preparou-se para dormir em sua cama de rainha e, qual não foi sua surpresa ao, no escuro, pressentir a presença de um homem que, embora ela não visse, tratou logo de tranquilizá-la: “Calma, Psiquê, sou eu, seu marido. Só o que desejo é fazê-la feliz”.

Eros e Psiquê tiveram uma longa e maravilhosa noite de amor.

Na manhã seguinte, Psiquê percebeu que ele havia ido embora e, ansiosamente, esperou por ele ao anoitecer. E assim aconteceu, por noites e noites. Psiquê estava apaixonada, feliz, radiante. E todas as noites, ela o aguardava ansiosamente.

Eros tem uma inesquecível noite de amor com Psyché, embora ele não permita que ela o veja, por Jacques Louis David

Jean-Baptiste Regnault

Patricia Watwood

François Edouard Picot

Eles estão apaixonados! E durante todos os dias, Psyché aguarda ansiosamente a chegada de seu misterioso amante, por John Roddam Spencer Stanhope

O tempo foi passando e Psiquê, com saudades de seus pais e de suas irmãs, implorou ao desconhecido marido para ir visitá-los. Eros decididamente disse que não, que jamais a atenderia. Mas Psiquê foi insistindo, insistindo, até que Eros a autorizou a trazer suas irmãs para visitá-la.

Sábio, pediu que não desse ouvidos às palavras de suas irmãs, alertando-a para a inveja, que mesmo entre fraternos, pode se instalar.

Entristecida, Psyché implora a Eros que a deixe rever suas irmãs, por Eduard Steinbruck.

Ao chegar ao palácio, as irmãs ficaram boquiabertas, jamais tinham visto tanto luxo, tanta riqueza e conforto. Aproximaram-se de Psiquê e começaram a lhe incutir mil desconfianças: “Ora, Psiquê, com quem você acha que dorme?”. “Com um monstro!”, respondeu outra.

“Não tenho dúvida – afirmou a mais velha – afinal, todo esse esplendor, todo o carinho e docilidade que você relata… Nada é perfeito, só pode vir de um monstro terrível”.

“Hoje à noite, dissipe suas dúvidas”, insistiram. E assim fez a pobre Psiquê.

Embora contrariado, Eros permite que as irmãs de Psyché a visitem e elas ficam surpresas, encantadas e enciumadas com tamanha fartura e riqueza, por Jean-Honoré Fragonard

Merry-Joseph Blondel

Após outra maravilhosa noite de amor, esperou Eros adormecer e acendeu uma vela aproximando-a do rosto do amado. Paralisada, Psiquê quase perde a respiração… Era o homem mais belo que já tinha visto!

Desconfiada, Psyché segue a orientação das suas irmãs e após Eros adormecer, acende uma vela para flagrá-lo, por Jean François Lagrenee

Vicente Carducho

Jacopo Zucchi

John Wood

Peter Paul Rubens

Jean-Baptiste Regnault

Domenico Corvi

Joshua Reinolds

Antonio Bellucci

Giuseppe Crespi

Simon Vouet

um autor desconhecid

Maurice Denis

Troy Howell

Giuseppe Cammarano

Sem querer, da vela caiu um pingo quente sobre a face de Eros. Ele se levantou bruscamente e com as asas abertas, já de pé na gigantesca janela soltou um triste grito de dor: Tola, Psiquê! Não sabe que o AMOR não convive com a desconfiança?

E por fim, Eros abandona Psyché, por Charles-Antoine Coypel

Espero que tenham apreciado, amigos! E, aguardem, pois amanhã traremos mais uma pequena surpresa sobre esse apaixonado casal. Gostaria de saber do Salotto, qual dessas obras vocês mais gostaram e se já tiveram a grata satisfação de conferir alguma pessoalmente. Beijos e até logo mais!

Para ouvir a narrativa desse mito, basta clicar AQUI.

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