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O amor tem poder sobre a guerra: Feliz “Dia do Desarmamento”!

Já que o amor não se limita a um dia só, temos mais um texto sobre ele pelos olhos, e coração, da querida amiga do Salotto, Luciene Felix Lamy.

O amor tem poder sobre a guerra: Feliz “Dia do Desarmamento”!

Pintor oficial da corte de Napoleão, Jacques-Louis David (1748-1825) foi o maior representante do estilo neoclássico. Inspirado pelo Renascimento (especialmente pelo renascentista Rafael Sanzio) e pelos deuses greco-romanos, o virginiano legou obras belíssimas.

Marte desarmado por Vênus e as três Graças (1824). Essa foi a última obra de Jacques-Louis David. Museu Real de Belas Artes de Bruxelas, Bélgica.

Vamos a uma breve análise da obra?

Na cena acima, em algum lugar do Olimpo, emoldurados por uma cornija ricamente decorada com aplicações de folhas douradas e alicerçado por dezesseis colunas gregas (embora só possamos enxergar dez) em estilo coríntio, temos os olímpicos Ares (Marte) e Afrodite (Vênus), seu filho Eros (Cupido) e as três Graças: Aglaé (brilhante), Tália (verdejante) e Eufrosina (alegria da alma).

Vermelho é a cor do sangue, da paixão, do furor, do amor! Sobre um enorme lençol vermelho e também trajando um manto vermelho, o deus da guerra está recostado num sólido e também adornado recamier (é também de Jacques-Louis David a famosa obra “Madame Récamier”). No apoio de um de seus pés lê-se o nome do autor e a data da obra.

As graças estão completamente nuas, levemente ruborizadas e adornadas somente com uma guirlanda de flores. Uma delas se apressa em recolher o escudo adornado com alto relevo de cenas de guerra e o arco do intratável e temido deus da guerra, enquanto outra carrega seu elmo, que ostenta uma crina vermelha no alto. E a do meio, solícita, traz a ânfora e a taça, para servir-lhe a inebriante bebida de Dioniso (Bacco): o vinho.

Observem que, embora Marte ainda esteja segurando sua lança na mão direita, ele já estica seu braço esquerdo entregando sua espada. Seu semblante é sereno, e à frente de seus órgãos genitais, duas delicadas pombinhas brancas bicam-se com ternura.

Eros (Cupido), filho de Afrodite (Vênus), olha diretamente para nós (a sorridente Graça, acima, que segura ao escudo e o arco também), enquanto desamarra delicadamente as sandálias de Ares. Ele traz um belíssimo porta flechas transpassado em seu corpinho, enquanto seu arco (mais poderoso até mesmo que o de Apolo) e suas duas flechas estão no chão: a de ouro (com a sete voltada para o quadro), que compele, inspira e desperta ao sentimento de amor e outra com ponta de chumbo (com a seta para fora do quadro), que repele, provocando repulsa e aversão ao amor.A deusa do amor e da beleza, Afrodite, está completamente nua, adornada apenas de um diadema em prata e ouro. De pele bem alva, seu corpo revela um silhueta mais esguia que as deusas/musas renascentistas e, mirando o alto da fronte de Ares, eleva sua mão para coroá-lo com uma delicada guirlanda de flores finalizada com um laço dourado.

O clima é de serenidade, sensualidade e extrema delicadeza. O que virá depois? Bem, deixemos a imaginação, assim como a paixão, correr solta. Feliz “Dia dos Namorados” a todos os apaixonados do Salotto. Bjs, lu.

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