Já aconteceu com vocês de ouvirem pela primeira vez de algo e depois disto esta “coisa” reaparece over and over again nas nossas vidas? Desta vez para mim foi o James Turrell.
Arte contemporânea para mim, como já falamos outras vezes, é um bicho de sete cabeças que tento domar há já algum tempo… Tenho dificuldade muitas vezes de associar valor a ela, e por o que tenho notado, muitas vezes, realmente o valor e importância associados a um artista ou obra são inflacionados. Outras vezes não.
A melhor crítica que li sobre isto, foi o ano passado e infelizmente não lembro quem escreveu, mas acho que foi o crítico de arte da BBC. Ele colocou uma pintura abstrata de Yves Klein…
…ao lado de um desenho em vermelho da sua filha de 3 anos e pediu para pessoas responderem qual era a obra de arte. 30% erraram na resposta! O autor, que gosta de arte contemporânea, continua sua discussão explicando que arte com valor é aquela que dura no tempo. Na minha cabeça fiz uma analogia com a música dos Beatles que, só até hoje, alegra 3 gerações, no mínimo!!
O artigo também conta como poucas vezes na história da arte, artistas foram tão ricos em vida. Isto é porque várias cidades, instituições e pessoas buscam nela uma forma de auto-promoção. Pensem em como Bilbao foi colocada no mapa graças ao seu museu, Guggenheim com obra de Frank Gehry).
A demanda é tão maior do que a oferta, que os preços, também graças a tal volta os hábeis galeristas, são inflacionados. E digo isto com a maior franqueza e tentando ser objetiva.
Bom, voltando, ouvi falar no Texas de James Turrell (1943-). Ele é um artista contemporâneo que usa a luz. Quando buscava as exposições do momento em Nova Iorque, vi que ele estava no Guggenheim (que eu ADORO). Vi o vídeo e me apaixonei!
Turrell, um simpático Californiano, explica sem pretensão, que sua arte é intangível, e que o que resta é a experiência. O artista é Quaker e na sua religião costuma-se sentar em uma sala sem decoração em silêncio até que o espírito te leva a falar, se manifestar. Acredito que ele busca esta “conversa” com o espírito nas suas obras.
Para está comissão do Guggenheim, Turrell pôde “dialogar” com o espaço elíptico para criar a sua Aten Reign que utiliza circunferências iluminadas com LED que mudam de cor e no núcleo “casam” com a iluminação natural do átrio do museu que por sua vez foi brilhantemente desenhado pelo arquiteto Frank Lloyd Wright.
Depois, discutindo com a Lucia e meu pai, defendi a sua arte como algo que me tocou, alargou o meu horizonte. Turrell mesmo disse que a luz “estende” a realidade e que “Somos parte na criação da realidade em que vivemos.” James Turrell
Além da beleza da obra, a interação com o observador é incrível!! Olhem só as minhas fotos!!
A exposição tem mais algumas peças de luz que brincam com a nossa percepção de espaço e volume… Para mim, o que deixou tudo redondinho foi a interação do observador com a obra, a fazendo portanto, concreta no imaginário!!
E só para terminar, olhem o vídeo da construção da obra. Foi incrível!!
A exposição fica no Guggenheim de Nova Iorque até o dia 25 de setembro.