Adriana Varejão cria o espetacular Polvo!


SONY DSCGraças à querida amiga do Salotto, Evelyn, soube que Adriana Varejão expunha, no Galpão Fortes Vilaça na Barra Funda de São Paulo, a sua obra Polvo.  Após ler o release fiquei maravilhada!!  Polvo, acredito após falar com a minha linda e muito-mais-inteligente-que-eu irmã, Alessandra, é a união entre Povo e a mutação de cores do Polvo.  Uma obra que fala das várias cores do povo brasileiro com beleza, inteligência, raciocínio, ponderação e respeito.

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Coloco as perfeitas palavras do release da galeria:

Temos o prazer de apresentar a nova exposição de Adriana Varejão no Galpão Fortes Vilaça. A artista carioca, há cinco anos sem realizar no país uma mostra apenas com trabalhos inéditos, apresenta a recém-criada série Polvo, fruto de uma pesquisa de forte caráter conceitual, desenvolvida ao longo de mais de 15 anos acerca da representação das cores de pele dos brasileiros e da maneira ambivalente como se define raça no Brasil.

Polvo é o nome do conjunto de tintas idealizado e criado por Adriana. O ponto de partida para a criação deste trabalho foi uma pesquisa de campo elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 1976. Normalmente, o censo oficial brasileiro classificaria as pessoas em cinco grupos diferentes de acordo com sua cor de pele: branco, preto, vermelho, amarelo e pardo. Naquele ano, no entanto, a pesquisa domiciliar introduziu uma questão em aberto: “Qual é a sua cor?”. O resultado foram 136 termos, alguns deles inusitados, cujos significados são muito mais figurativos do que literais. A artista selecionou os 33 termos mais exóticos, poéticos ou vinculados a uma interpretação especificamente brasileira de cor como suposto social, e a partir deles criou as suas próprias tintas a óleo baseadas em tons de pele. Assim, surgiram as cores ‘Fogoió’, ‘Enxofrada’, ‘Café com leite’, ‘Branquinha’, ‘Burro quando foge’, ‘Cor firme’, ‘Morenão’, ‘Encerada’ e ‘Queimada de sol’, entre outras.

O resultado mais imediato desse processo é um objeto de arte – uma caixa com 33 tubos de tinta e cuidadosa tecnologia industrial, em versão bilíngue (múltiplo com tiragem de 200 exemplares). Varejão também apresenta uma série de pinturas, intituladas Polvo Portraits (China Series), elaboradas a partir dessas tintas, montadas formando um grande painel.  As pinturas são retratos da própria Adriana, porém não são exatamente autorretratos, já que foram executadas por pintores retratistas, sob encomenda. O caráter autoral, porém, é resgatado a partir das intervenções e reinterpretações dadas pela artista. A cor da pele permanece neutra, acinzentada, mas a imagem é complementada por uma série de pinturas faciais de caráter geometrizante e inspiração indígena feitas com as 33 coresPolvo. Acompanhando os retratos há pinturas circulares abstratas que trazem somente tabelas de cores com tons de peles das tintas.

O conjunto apresentado na mostra mantém estreita relação com trabalhos anteriores da artista que lidam com questões como miscigenação, colonialismo e a cor da pele. Temas que constituem uma espécie de chão do trabalho de Adriana Varejão, quer assumindo um caráter mais metafórico e sutil (como nas Tintas Polvo), quer adotando um caráter de forte expressividade, tributário da arte barroca (como na série Língua). “Cor é linguagem”, defende Adriana, “quando nomeamos todos esses matizes de peles, a gente dilui a questão das grandes raças – conceito, aliás, já derrubado por terra pela biologia”, pontua.

Adriana Varejão nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1964, onde vive e trabalha. Suas exposições individuais recentes incluemHistórias às margens, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Museu de Arte Latinoamericana de Buenos Aires; Fondation Cartier pour L’Art Contemporain, Paris; Hara Museum, Tóquio; Centro Cultural Belém, Lisboa, Bildmuseet, Umea, Suécia. Suas  exposições coletivas incluem as Bienais de Veneza, São Paulo, e Sidney; Tempo, MoMA, New York; ARS 06, KIASMA, Museum of Contemporary Art, Helsinki; Liverpool Biennial, Liverpool, UK Body and Soul, Guggenhein, New York, entre outras. Seu trabalho está presente em coleções como a Tate Modern em Londres, Salomon R. Guggenheim Museum em New York, Hara Museum, Tóquio, Museum of Contemporary Art, San Diego,  Stedelijik Museum, Amsterdam, Museu de Arte Moderna de São Paulo e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; entre outras.

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Reparem nos nomes de cor da pele, auto-nominados, fantásticos!!

Reparem nos nomes de cor da pele, auto-nominados, fantásticos!!

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Infelizmente esta exposição terminou dia 17 de Maio.  Ela foi totalmente vendida, em grupos de 4 (350 mil USD) ou 7 (500 mil USD) telas definidos pela artista a colecionadores.  Só as caixas de tintas (200 peças a 15 mil USD/cada) ainda estão disponíveis.  Portanto, levará muito tempo até que todas estas peças estejam juntas outra vez, mas pelo menos temos as imagens e o lindo ensinamento desta artista tão sensível e forte!

Algumas imagens do bonito Galpão Fortes Vilaça.

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Esta mesa é da Varejão e está no pátio do galpão.SONY DSC SONY DSC

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26 Comments

Dulce
Reply 20 de May de 2014

A historia das obras é bem interessante! Axé!

Cassiano Lopes
Reply 20 de May de 2014

Consu. Muito bacana! Principalmente o nome dado às tintas... Encontrei minha cor - Fogoió! Dia 17/07 vai abrir a exposição da Frida Kahlo no MON em Curitiba. Estou super ansioso com essa exposição porque sou um admirador do trabalho dela. Imagina só ver tudo aquilo de perto! Vou morrer do coração! hahahaha Beijocas.

    Alexandra
    Reply 20 de May de 2014

    Cassi lindo, eu adoraria ver esta exposição. Também adora a Frida.
    Mas acho quase impossível (acho que estarei em MG em julho), então amigo, terás que fotografar se for possível.....por favorzinho!
    Beijos nas bochechas.

      Cassiano Lopes
      Reply 20 de May de 2014

      Ale, amada. É claro que vou fotografar, se for permitido... Caso contrário, faço a linha "câmera escondida" hahahaha Seria TUDO se você pudesse ir! Aí faríamos um encontrinho com as queridas/super jet setters curitibanas, Andy e Isa. Bjocas.

        Alexandra
        Reply 21 de May de 2014

        Ahhhh....seria maravilhoso mesmo, mas como disse...quase impossível.
        Mas isso não impede que o encontrinho aconteça e a farra estará garantida com vocês.
        Super beijo, amado.

Denise Luna
Reply 20 de May de 2014

Sou fã dela. Vi uma expo incrível no nosso MAM e depois a galeria dela em Inhotim. Essa mostra é muito diferente do que tudo o que já vi e espero que venha para o Rio! Ela é artista de primeira grandeza. A mesa tem uma igual em Inhotim e vi outro dia a Joyce Pascovit mostrando um mural na casa dela feito pela Varejão com essas mesmas plantas alucinógenas.
Vou repassar esse post para várias amigas que tb curtem o trabalho dessa artista incrível.
Bjs

    Denise Luna
    Reply 20 de May de 2014

    Puxa vida, percebi que essa mostra foi toda vendida.... que pena!!! Os cariocas vão ficar sem esse privilégio.

Alexandra
Reply 20 de May de 2014

Quanta sensibilidade! Amei.
Beijos mil.

Martha Chagas Felix
Reply 20 de May de 2014

Adorei passear contigo na exposição Consuelo! rsrsrs As fotos estão ótimas! A Adriana Varejão foi destaque da nova revista Porter (powered by net-a-porter) aqui em Londres!
bj, Martha

Andrea - Curitiba
Reply 20 de May de 2014

Realmente, muita sensibilidade e delicadeza em falar de um tema que ainda eh controverso: cor da pele! Mas sob o olhar poetico da Adriana isso ganha ares artisticos! Que bom se todos tratassem desse assunto com respeito e educacao! Lindo!!!! Bjs....

Maria Araci
Reply 20 de May de 2014

Que conceito bárbaro desta exposição!!!! Quero as caixas de tintas!!!! Atração fatal!!!!!

Mia Athayde
Reply 20 de May de 2014

O trabalho desta artista é de uma força arrebatadora!
Mexe MESMO com a gente e, se a gente der uma piradinha, se a mente voar, altas viagens podem acontecer !
O pavilhão dela em Inhotim é magnífico e, agora que ela tb está nos 50, está mais plena do que nunca!
Show de post !!!!!

Cris Muniz Araujo
Reply 20 de May de 2014

Quase nos "esbarramos" na exposição ... estava lá no dia 17/Maio também. Fiquei encantada e uma das coisas que mais gostei é a interatividade de nos buscarmos entre as cores ... #somostodoscoloridos :)

Agora uma pergunta ... a mesa da varanda é Adriana Varejão ... e a rede ??? Lembro de ter visto no programa Arte Brasileira (GNT), mas não consigo lembrar de forma alguma de quem é? Please me ajude a lembrar !!! Bjs

    consueloblog
    Reply 21 de May de 2014

    Também li o nome do artista da linda rede e já esqueci...
    booooo!
    se ligar na galeria eles te dizem... bjs c

      Cris Muniz Araujo
      Reply 21 de May de 2014

      Investigarei .... encontrando compartilho. :) Bjs

Maria Vilma
Reply 20 de May de 2014

136 cores de pele brasileiras... Foi o total de respostas do censo...
Consuelo, desculpe a minha ignorância... Não conhecia essa extraordinária artista, Adriana Varejão, mas estou muito feliz em conhecê-la a partir desse belíssimo trabalho.
Que bela cutucada ela nos dá... Fiquei aqui matutando sobre a miscigenação do
Brasil e de como nós brasileiros de fato a encaramos... de como no Brasil, a
classificação de pessoas pelo aspecto físico é inútil, já que, geneticamente, somos
o povo mais misturado que existe.
Nós até temos conhecimento disso, mas quando os resultados dessas pesquisas
são publicados nos jornais... encaramos meramente como dados estatísticos,
quase sem importância... no que diz respeito as nossas atitudes na construção de
relações interpessoais mais respeitosas... mais democráticas e mais afetivas com
os nossos tão profundamente semelhantes....
Obrigada, obrigada, sempre!
MaVi

    consueloblog
    Reply 21 de May de 2014

    Se não a conhecia, vá ver na internet um pouco de seus trabalhos anteriores q são muito diferentes deste. Ela sempre lida com a mulher e muitas vezes as origens portuguesas. Usou muito ladrilhos, inclusive os portugueses.
    Realmente aborda um argumento com intimidade e respeito e te leva a questionar a tua própria posição em tudo isto...
    Além do que, este trabalho é lindo!
    Gostei muito do fato que os nomes das cores são auto-nominados. As pessoas mesmas se deram os nomes...
    bjs
    c

      Maria Vilma
      Reply 21 de May de 2014

      Consuelo, muiiiiiiiito obrigada!
      Ontem mesmo, quando cheguei em casa, fui fuçar tudo a respeito da Adriana Varejão... EXTRAORDINÁRIA!!!!
      Consta da lista de seres humanos especiais –de primeira
      linha!
      Permita-me colocar aqui um pequeno trecho de uma
      entrevista que ela concedeu a um veículo, falando sobre
      esse trabalho, “Polvo”:
      “Sendo o racismo tão velado, mas ao mesmo tempo tão arraigado na cultura, dá pra acabar com ele? Não tenho propriedade pra falar, mas o reconhecimento de que
      somos racistas é um primeiro passo. Depois, as políticas objetivas, como as cotas. Todo trabalho intelectual e
      artístico também é importante na construção de uma subjetividade voltada pra esse fim. É importante
      desconstruir padrões e a arte, o cinema, a literatura
      ajudam a remapear essas relações. A gente ainda usa
      conceitos como “boa aparência”, “lugar de gente bonita”.
      É preciso reabitar esses lugares de gente bonita de todas
      as cores, reprogramar esses valores.”.
      Vc talvez nem faça ideia... Como eu aprendo com vc e o
      Salotto... Nossa!

        consueloblog
        Reply 23 de May de 2014

        Oh querida, e vc a cada dia me ensina e enriquece! bj s c

Jovita Agra
Reply 20 de May de 2014

O trabalho de Adriana Varejão é fabuloso, nem todos conseguem entender mas ela tem uma tecnica e talento como poucos artistas. Já vi alguns trabalhos dela exposto em galerias aqui em Recife. Parabéns pelo post. Bjo.

    consueloblog
    Reply 21 de May de 2014

    Ela já tem fama internacional. Suas obras estão em museus e coleções no mundo todo!!
    bjs
    c

vera
Reply 20 de May de 2014

Adorei este post!. Grande (e linda) artista brasileira.

Mateus Habib
Reply 23 de May de 2014

Consu, o que mais me encanta na Adriana é essa inovação que vai além dos quadros. É sempre um ponto de vista sensível, poético e perturbador (não negativamente). Uma linguagem que instiga, provoca desejo, curiosidade. Seduz. Conheço ela pessoalmente e já conversamos sobre alguns aspectos polêmicos do seu trabalho, o que me rendeu um ponto de vista bem peculiar.

Mas isso a gente conversa em algum café mundo afora, ok?? ;)

Bjs!

    consueloblog
    Reply 23 de May de 2014

    Nossa!! Quero muito saber!! bjs c

Michel Schettert
Reply 8 de September de 2014

O trabalho “Polvo” tem a companhia da “descolonização da subjetividade” para tratar da miscigenação, da diversidade: “A cor da pele é algo meramente visual, e já foi provado que por vezes existem mais diferenças genéticas entre pessoas da mesma cor, do que entre pessoas de cores diferentes”, sintetiza a artista. O discurso igualitário é o que torna a obra mais incrível, não só por ser uma frase bonita, mas por criar na relação com o trabalho uma contradição em várias instâncias que nos faz atravessar oceanos e recolonizar a obra.
Explico-me:
http://michel-schettert.blogspot.com/2014/09/os-tentaculos-do-polvo-de-adriana.html

    consueloblog
    Reply 8 de September de 2014

    Obrigada Michel!! bjs c

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